
Por Arlindenor Pedro – Professor de História, Sociologia e Filosofia. Editor do Blog Utopias Pós Capitalistas-Ensaios e Textos Libertários, da Revista Eletrônica Utopias Pós Capitalistas, no Facebook, e do Canal Utopias Pós Capitalistas – Um Canal Libertário, no YouTube.
Os dados da última pesquisa Genial/Quaest, apresentados em gráficos recentes divulgados pelo G1, revelam mais do que simples oscilações na popularidade do governo Lula, do STF ou do Congresso Nacional.
Elas apontam para um fenômeno mais profundo: O esvaziamento do papel da política como mediação social. Com índices de desaprovação sistematicamente superiores aos de aprovação — Lula (53% desaprovam ), STF (48%), Congresso (51%) — e uma divisão igualitária entre críticas e defesas a figuras centrais como Alexandre de Moraes (ambas com 41%), emerge um diagnóstico claro: O mal-estar não é apenas com indivíduos ou partidos, mas com o próprio sistema de representação.
Em muitas pesquisas anteriores que demonstram o crescimento do número de pessoas que não têm nenhum interesse em votar nas próximas eleições isto fica mais do que evidente .
O colapso da política aparece, então, para nós, como um subproduto inevitável da crise histórica do capital. À medida que a lógica do valor – a valorização abstrata via trabalho – entra em crise estrutural, os pilares que sustentavam a modernidade se desmancham: Trabalho, Estado, Política e Democracia tornam-se formas vazias. A política deixa de ser instrumento de transformação e passa a administrar a escassez, o medo e a precariedade.
Nesse contexto, a percepção popular expressa nas pesquisas não representa um simples “desgosto eleitoral”.
Nesse contexto, a percepção popular expressa nas pesquisas não representa um simples “desgosto eleitoral”.
Trata-se da intuição difusa, porém precisa, de que nenhuma das instituições vigentes tem capacidade real de resposta. A desaprovação majoritária e a crescente indiferença são sintomas de um processo de anomia social: O colapso dos referenciais normativos que davam sentido à vida pública.
Nesse cenário, a extrema direita desponta como o sintoma mais brutal do colapso: Ela não oferece projeto de futuro algum, apenas o gozo destrutivo da negação.
Nesse cenário, a extrema direita desponta como o sintoma mais brutal do colapso: Ela não oferece projeto de futuro algum, apenas o gozo destrutivo da negação.
Alimenta-se da anomia, da desorientação e do ressentimento como matéria-prima política.
Sua força reside, justamente, em canalizar a pulsão de morte de uma sociedade exaurida: Nega a ciência, a solidariedade, a política, o Estado, e, até mesmo, a própria vida, quando glorifica armas, a destruição do meio ambiente ou a violência como redenção.
Ela é o braço subjetivo da barbárie objetivamente gerada pela crise do capital — não para superar o sistema, mas para acelerá-lo rumo ao abismo.
Ao mesmo tempo, fica claro que as instituições que dão sustentação ao Estado Moderno, erigido pelo liberalismo, já não dão conta de sustentar as relações entre os indivíduos em um contexto de crise estrutural da sociedade produtora de mercadorias para o consumo .
Ao mesmo tempo, fica claro que as instituições que dão sustentação ao Estado Moderno, erigido pelo liberalismo, já não dão conta de sustentar as relações entre os indivíduos em um contexto de crise estrutural da sociedade produtora de mercadorias para o consumo .
O pacto está rompido. O Leviatã de Hobbes está em frangalhos.
Em muitos artigos publicados aqui, notadamente, aqueles que utilizam os conceitos da crítica do valor como ferramenta, já advertíamos que, diante da obsolescência da política e da dissolução do Estado social, o que se ergue não é uma nova alternativa coletiva, mas um vácuo perigoso, facilmente preenchido por soluções autoritárias, tecnocráticas ou fundamentalistas.
Em muitos artigos publicados aqui, notadamente, aqueles que utilizam os conceitos da crítica do valor como ferramenta, já advertíamos que, diante da obsolescência da política e da dissolução do Estado social, o que se ergue não é uma nova alternativa coletiva, mas um vácuo perigoso, facilmente preenchido por soluções autoritárias, tecnocráticas ou fundamentalistas.
A própria democracia representativa, esvaziada de conteúdo, converte-se em palco de ressentimentos e disputas simbólicas que nada resolvem — apenas reproduzem a impotência generalizada.
O Brasil, nesse aspecto, funciona como um microcosmo do mundo. A falência das elites políticas em apresentar saídas diante do colapso ecológico, da automação do trabalho, da financeirização total da vida, é parte de uma tendência global. Não é só a confiança que se esvai — é o próprio sentido das instituições modernas que está em ruína.
É justamente nesse vácuo de sentido que blogues, publicações independentes e redes de pensamento crítico se tornam essenciais.
O Brasil, nesse aspecto, funciona como um microcosmo do mundo. A falência das elites políticas em apresentar saídas diante do colapso ecológico, da automação do trabalho, da financeirização total da vida, é parte de uma tendência global. Não é só a confiança que se esvai — é o próprio sentido das instituições modernas que está em ruína.
É justamente nesse vácuo de sentido que blogues, publicações independentes e redes de pensamento crítico se tornam essenciais.
Não como substitutos da velha política, mas como espaços de elaboração coletiva, onde se destrincha a crise com coragem conceitual e se desmontam os véus ideológicos que mantêm a população paralisada.
Criar consciência crítica é, hoje, um ato de resistência — e também um gesto de cuidado com o futuro.