
É uma super produção, com sofisticados figurinos, cenários, e iluminação. A direção e idealização é de Tiago Abravanel, Tinno Zani, e Antonia Prado. E, a versão Brasileira é de Victor Mülethaler. Por sua vez, a direção musical e idealização é de Rafael Villar. A produção é de Bia Izar e Ligia Abravanel.
Ambientado nos anos sessenta do século XX, em Baltimore, cidade do Estados Unidos, o musical narra a história do casal Edna Turnbland (Thiago Abravanel) e Wilbor Turnblad (Lindsay Paulino), e sua filha Tracy Turnblad (Vania Canto). Esta última quer ser famosa, e acompanha pela televisão o show do Corney Collins, patrocinado pela empresa Fixa Mais, a do fixador Hair Spray. Foi anunciado o concurso Miss Hair Spray. E Tracy almeja participar, embora seja fora dos padrões, por ser gordinha. E ela conta com o apoio do pai, que acaba por convencer a mãe.
E lá foi Tracy realizar o teste no programa da televisão. Conseguiu ser aprovada e passou a integrar o elenco.
O empresário da Fixa Mais não a via com bons olhos, chamando-a de gordinha e comunista. Por sua vez, o apresentador lembrou que pessoas negras e gordinhas também compravam laque.
Para além de querer ser famosa, ela também queria um mundo melhor. Ela buscava a integração. Considerava ser o futuro. Desejava que todos os dias fossem dia dos negros. Queria que todos dançassem juntos na TV. Negros e brancos. Almejava o fim da segregação racial, considerando-a um equívoco. Passou a defender um show mais inclusivo. O musical tem como contexto a década de 1960, durante o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos.
Na escola, Tracy e seus colegas também se opunham a segregação. Queriam dançar juntos. Resolveram organizar um protesto. E foram as ruas. Levantaram cartazes: “marchamos pela integração”; “a TV é preta e branca”; “dignidade e liberdade”; “Queremos dançar juntos”. Houve repressão. E foram parar no xadrez, inclusive Tracy e sua mãe.
A liberdade foi conseguida após o pai de Tracy pagar fiança. Todos foram soltos, menos Tracy, que ainda permaneceu detida. Link Larkin, seu namorado, conseguiu libertá-la, destruindo a fechadura.
Ao ser solta, Tracy seguiu a sua caminhada rumo a conquista da fama e pela defesa da integração. Ela e seus amigos se empenharam para lutar contra a segregação racial e promover a inclusão de todos na cidade: brancos, pretos, gordos, magros. A vitória de Tracy se dá quando ela é eleita Miss Hair Spray 1963.
O musical é bonito, grandioso, potente e emocionante, é um grito pela integração, pela diversidade, união de brancos e negros, magros e gordos, e deixa uma mensagem de resistência, de nunca desistirmos, ainda que as adversidades sejam enormes. Tracy insistiu e conseguiu alcançar a fama!
O trio de personagens centrais do musical, Tracy e seus pais, estão perfeitos. Eles interpretam, cantam, se movimentam e dançam de forma brilhante. Dominam o palco, o texto e as canções. Estão sintonizados e entrosados. Se entregam de corpo e alma na ribalta. Visualizei entre os três uma boa relação cênica e, consequentemente, uma homogeneidade nas interpretações, embora cada qual com suas características próprias.
No nosso ponto de vista, o ponto alto do musical se dá na cena em que a mãe se transforma em Marlyn Monroe, e o pai se transforma em Elvis Presley, ícones dos anos sessenta do século vinte. Eles deixam transparecer todo o seu talento.
Os demais integrantes do elenco complementam o alto nível de atuação.
Os figurinos criados por Bruno Oliveira são bonitos, de extremo bom gosto, e reconstituem de forma correta a indumentária daqueles anos.
As perucas criadas por Feliciano San Roman são bonitas, adequadas, e reconstituem os penteados armados com laque típicos do período.
Por sua vez, os cenários criados por Rogério Falcão são expressivos, sofisticados, arrojados e adequados. Destaque para a reconstituição das habitações de Baltimore.
A iluminação criada por Wagner Antonio é correta, pertinente em cada cena, e a forma precisa nas modificações. Não visualizei grandes efeitos especiais.
As coreografias criadas por Tiago Dias caracterizam-se por uma movimentação intensa, e por bonitos desenhos coreográficos.
A maestrina é Cláudia Elizeu, que por meio da sua regência consegue manter o equilíbrio e a harmonia entre o elenco e a orquestra.
O musical apresenta uma trilha de canções com melodias agradáveis e poéticas, e letras com um conteúdo denso que auxiliam na narrativa da trama. Destacamos Bom dia, Baltimore; Bem Vinda a Era dos 60′; sem Amor; Não Dá Para Parar, entre outras.
Hair Spray é uma super produção; apresenta um elenco de peso; e cenários e figurinos grandiosos.
Excelente e imperdível produção do teatro musical!