
Uma rica variedade de bancos feitos por artistas indígenas artesãos de 38 etnias do Brasil será exibida ao público pelo Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro, a partir do dia 3 . A exposição “Sente-se, a Coleção BEĨ em Diálogo” retrata um conjunto expressivo e representativo deste artefato da cultura indígena, com 63 peças da coleção BEĨ, reunindo obras de artesãos que vivem nas regiões do Xingu, Sul da Amazônia, Amazônia Oriental, Calha Norte e Noroeste Amazônico, em conjunto com bancos contemporâneos e urbanos produzidos por renomados designers brasileiros.
A exposição, com entrada gratuita, tem curadoria do indígena Mayawari Mehinaku e dos designers Claudia Moreira Salles e Gabriel Bueno. O objetivo da mostra, segundo seus curadores, é revelar ao público além da beleza e originalidade das formas dos bancos, seus diversos usos e origens através de mapas, vídeos e de um material fotográfico extenso, registrado pelo fotógrafo e produtor de audiovisual Rafael Costa. A cenografia é de Suzane Queiroz e a iluminação é de Renato Machado.
Os bancos indígenas são talhados a partir de um único tronco de madeira e pintados com resina naturais como o Ingá misturado com pó de carvão. O grafismo ou formato das peças espelham o universo cultural e a cosmologia de cada etnia que os criou. Outra característica da coleção BEĨ é que os bancos são zoomórficos; entre os animais mais representados estão o tamanduá, a anta, a onça e os pássaros.
Já os bancos dos designers em exposição são feitos de outros materiais além da madeira, como chapa metálica, lã de carneiro e papelão prensado. “A cenografia traz para a galeria do CRAB um sentimento da natureza que cerca os indígenas, proporcionando uma experiência imersiva. Em contraponto, a seleção de 14 bancos de autoria de designers contemporâneos pretende mostrar a ressonância da cultura indígena no imaginário de artistas que habitam espaços urbanos”, explica a curadora e designer Claudia Moreira Salles. A coleção BEĨ adquire as peças para preservar, divulgar, entender e facilitar a inserção da produção desses povos indígenas no universo complexo da realidade atual.
“Esta exposição no CRAB é uma conquista de marco histórico pelo avanço no reconhecimento e na visibilidade que a arte indígena vem conquistando o Brasil, com a parceria da Coleção BEĨ. A Sente-se vai divulgar a arte da etnicidade, conforme sua expressão artística ancestral, contemporânea e espontânea. Nosso povo usa muito o banco de madeira, para sentar no cotidiano e nas práticas culturais das festas e rituais. Espero que gostem”, disse o artista indígena Mayawari Mehinaku, também curador da mostra.