
Minha entrevistada dessa semana é Ana Claudia Rebello, carioca, mãe de dois filhos, 51 anos, moradora de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Aos 21 anos graduou-se como advogada e logo optou por trabalhar em empresas da iniciativa privada. Com apenas 32 anos foi alçada à posição de Diretora Jurídica em uma grande empresa de um grupo multinacional, onde trabalha até hoje.
JP – Depois de enfrentar tantos desafios como advogada, você resolveu encarar novos caminhos. Como foi isso?
Sim, enfrentei muitos desafios, mas acho que tudo aconteceu melhor do que tinha planejado. Eu poderia ter me dado por satisfeita e apenas colhido os frutos da sua vida profissional bem sucedida, mas não foi o que aconteceu. Em 2014, com 44 anos, cansada de me limitar apenas à rotina casa-trabalho-casa, decidi começar a estudar algo totalmente diferente. Como parte de uma estratégia de planejamento de futuro e visando uma possível transição de carreira por ocasião da aposentadoria, optei por iniciar uma faculdade de psicologia, curso concluído em 2019.
JP – E como você encarou esse novo universo?
Desde então, atendo pacientes individuais paralelamente a carreira de advogada. Em maio de 2020, recém-formada em psicologia e diante do advento da pandemia, decidi abrir uma terapia de grupo on-line para mulheres 60+. Hoje, o grupo tem mais de três anos de existência e tem sido uma experiência muito enriquecedora. Além de trabalhar questões emocionais, as participantes se propõem a trabalhar o fortalecimento da memória por meio de exercícios cognitivos.
JP – E você não parou por aí, não é? O que mais te despertou interesse?
Logo depois iniciei uma formação em Gerontologia pelo Hospital Albert Einstein. Como tenho interesse em trabalhar com pessoas da terceira idade, decidi me preparar para compreender os desafios relacionados ao processo de envelhecimento. Um curso planejado para ser presencial, acabou sendo realizado de forma remota, pelas circunstâncias da época. Mas eu tinha um desejo para além do direito e da psicologia. Era Conhecida entre os amigos como uma boa contadora de histórias, e dispunha de uma grande paixão pela escrita. Unindo essas duas características, decidi escrever seu primeiro romance e lançá-lo por conta própria.
JP – Então podemos dizer que a psicologia acabou despertando em você muitas outras habilidades?
Sim, em 2019, mesmo ano em que me graduei em psicologia, publiquei meu primeiro livro “Quando o dia amanhece”, pela Editora Autografia.
JP – Fale um pouco desse livro.
É um romance drama que envolve relações conturbadas e escolhas difíceis, depois que um homem retorna de um coma de 20 anos. Em 2022, publiquei meu segundo romance. Saindo do drama e passando para o romance de entretenimento, dessa vez, resolvi desenvolver uma trama leve e divertida, para compensar os tempos difíceis impostos pela pandemia. E assim que nasceu “Enquanto olho o cardápio”, um livro narrado pelo protagonista, um cinquentão recém separado de um casamento de 20 anos, que decide se aventurar pelos aplicativos de relacionamento. Enquanto se relaciona com mulheres de perfis variados, Santarroza vive situações inusitadas e acaba se revelando uma pessoa chave na solução de um conflito familiar.
O lançamento foi um sucesso e apesar da forte chuva conseguiu reunir mais de 100 pessoas na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.
JP – E você ainda tem novos planos?
Sempre! Pretendo começar a escrever o terceiro livro, mas ainda estou aguardando o feedback sobre o romance recém lançado, para decidir se escrevo uma continuação da vida de Santarroza ou se mergulho em outro tipo de aventura criativa. Transformar o livro em uma obra audiovisual está nos meus sonhos. Acredita que, uma vez dado o primeiro passo, tudo pode acontecer.