
Eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, o ex-ministro da saúde, general Eduardo Pazuello, voltou a pegar botinadas na virilha. Para amigos do peito, Pazuello fez candente e notável mea culpa: “Não tive a intenção de subir no carro de som. Mas alguns admiradores insistiram. Relevem minha pança imensa e minha fraqueza. Topei porque passaram pela minha cabeça de poucos neurônios, recordações da infância. Quando subia nas mangueiras com amiguinhos do peito. Também brincávamos o dia todo, varando à noite, de esconde-esconde. Na escuridão dos terrenos baldios. Saudades daqueles tempos. Era ingênuo, feliz e não sabia. Era um custo subir nas árvores, porque desde criança sou gordinho. Nunca gostei de exercícios. Admito que mentir nas comissões de inquérito. Faço tudo com a maior desenvoltura. Tenho orgulho das minhas missões cumpridas. A ordem era livrar a cara do meu amado chefe Bolsonaro. Alguns gordos como eu também carregam outra característica: adoramos ser subservientes. Faço tudo que meu mestre Messias mandar. Em cima, no carro de som os anjos cantaram felizes, quando meu amado presidente gritou no microfone que eu era um gordinho camarada. Todos os outros sabujos, bateram palma e riram de mim. Alguns deles, mais puxa sacos do que eu, reclamaram ao presidente que o carro balançou, por culpa da minha enorme barriga. General comandante, pegue leve na minha punição. Lamento pelos meus poucos neurônios. Sei que meus atos irresponsáveis maculam minha farda. Juro que na câmara federal procurarei ser mais responsável. Selecionarei minhas mentiras. Terei prazer de conviver no Congresso com os senadores Omar Aziz, Renan Calheiros, Humberto Costa, Randolfo Rodrigues, turma da melhor qualidade. Dei muito aborrecimento para eles na CPI da covid. Se for preciso, nos meus discursos, chamarei Bolsonaro de santo. Tudo porque não quero que o nosso chefe supremo venha a ser preso, caso retorne ao Brasil. Só Deus sabe como ganhei as eleições no Rio de Janeiro. Porque no Amazonas não ganharia nem para vigia noturno de condomínio na Ponta Negra. Em Manaus,sou mais sujo do que pau de galinheiro. Grato pela atenção, amigos e eleitores. Desculpe se exagerei no puxa saquismo. Mas não aguento passar um minuto sem mentir. Com a devoção de capacho maior, despeço-me com a alma feliz”.
Foto Jefferson Rudy/Agência Senado