
Bom, eu vou fazer um exercício comum aos dias de hoje: vou falar mal de um negócio que conheço pouquíssimo, mas já não gostei: o ChatGPT, que tá na boca de todo mundo que se liga em inovações tecnológicas e avanços digitais.
De que se trata o ChatGPT? – perguntaria a turma que não tá ligada.
O ChatGPT é um troço que lançaram aí que faz coisas pra você. Por exemplo:- você tá apaixonado e quer fazer um poeminha bonito pra impressionar a Maria, então você fala pro ChatGPT:
– Faz aí um poeminha de amor bonitinho. Escreve alguma coisa rimando com Maria, que é o nome da menina que eu to paquerando.
O danado do ChatGPT te entrega, em segundos, um poeminha legalzinho que você manda pra Maria e isso levanta tua moral com a moça. É capaz de rolar até beijinhos extras nessa relação que se inicia.
Outro caso: você é um cara que tá terminando a faculdade e tá naquela fase chata do TCC. Tem que fazer aquela pesquisa danada, tem que ler uma pancada de artigos e, pior: tem que escrever um monte de coisas que ocupa um tempo danado e isso te impede de estar com a Maria – que é tudo o que você quer, nesse momento. Então você faz o quê? Você fala pro ChatGPT que precisa de um TCC sobre, por exemplo, Ética nos Trabalhos Acadêmicos. Em dois minutinhos, você bota pra imprimir seu trabalho bonitinho feito pelo ChatGPT. Aí você fica livre pra lascar seus beijinhos na Maria, e a coitada acreditando que além de beijoqueiro, você também é poeta e que tem um futuro promissor, afinal você nem perdeu tempo fazendo TCC. Você é um crânio e ela vislumbra uma relação de grande futuro.
Pois bem: o que eu vejo nesse exemplo? Duas coisas. Você enganou a Maria e enganou o professor. Você foi o maior Um-Sete-Um da paróquia, camaradinha. E pior: é capaz de se formar com louvor, mas acabar sendo um profissional medíocre, incapaz de realizar simples tarefas da profissão que escolheu. E a Maria vai acabar descobrindo num futurinho bem próximo que aquele poeta do namoro se transformou num ogro da vida real, incapaz de qualquer arroubo apaixonado.
Vamos adiante:
Antes de me julgar ultrapassado, saiba que talvez eu seja mesmo. Mas sou, também, um entusiasta da tecnologia e até da Inteligência Artificial. Estou aqui escrevendo num computador legal, mas já escrevi muito em máquina de escrever. Se compararmos a máquina de escrever com o computador, veremos que a máquina – que era bem moderna para o seu tempo – na verdade, é uma tortura. Assim que acabar de escrever, posso apenas dar um clique e o texto sai da impressora lindo, bem diferente dos mimeógrafos de antigamente – e muito mais fácil e rápido. Ma-ra-vi-lho-so, maravilhoso!
Mas há aí uma diferença fundamental: quem escreveu o texto fui eu, quem queimou a mufa pra produzir esse pensamento, certo ou errado, fui eu. Não foi uma Inteligência burra, sem emoção e Artificial. Não estarei assinando um texto produzido por outrem. (Adoro outrem!).
Em resumo: não estarei cometendo estelionato intelectual.
São reflexões preliminares sobre essa “ ferramenta” de preguiçoso. No mínimo.
Não entendo como alguém pode ter tanta falta de amor-próprio para deixar que façam coisas por ele, nem que seja um APP que não vai contar nada pra ninguém. Mal comparando, isso é tão incompreensível quanto um estupro, se me permitem essa comparação grosseira. Mas é o seguinte:- além de ser criminoso e grotesco, que graça tem em possuir uma garota à força? Que graça tem em fazer isso quando a moça não quer? O gostoso, justamente, é quando você sabe que aquela mulher está ali porque quer, porque deseja se entregar a você – quando ela se oferece. E ela deseja, justamente porque você, de alguma forma, escreveu seu poeminha romântico, conquistou o desejo dela através de suas qualidades pessoais. Caso contrário, ela transaria com o
ChatGPT, que nem vai gostar e nem entender nada.
Só pra finalizar, eu entrei nesse ChatGPT e digitei meu nome. Apareceu um texto absolutamente impreciso. Nem minha data de nascimento acertou. Então é preciso tomar cuidado. O ChatGPT é ruim de mira.