
Dois importantes eventos de premiação aos artistas de teatro aconteceram no Rio de Janeiro. O Prêmio Prio de Humos, idealizado por Fabio Porchat e o veterano e prestigiado Prêmio Shell, que está em sua 33ª edição.
O prêmio de humor está na 5ª edição e chega para ocupar um espaço significativo de reconhecimento à comedia, que sofre o estigma inapropriado de gênero menor. Não e o que se assiste nos palcos. Isso é um demérito absolutamente desproposital. A comedia e tão complexa como o drama, e ambos podem igualmente ser bem feitos ou não. Não é o gênero que determina a qualidade ou competência do ator.
Mas o importante e que o prêmio está ai, fazendo acontecer. Foi uma noite linda, cheia de afeto e marcante. A classe artística prestigiou o evento que aconteceu no Jockey Club. Houve também premiação em São Paulo. No Rio foram contemplados diferentes categorias e a diversidade esteve presente, dando um toque extra a premiação. A apresentação foi de Fabio Porchat e a partir desta edição o prêmio conta com patrocínio da empresa Prio, portanto, o premio chama-se Prêmio Prio de Humor.
Os troféus foram entregues por artistas reconhecidos, como Marieta Severo, Diogo Vilela, Flavio Marinho, Hamilton Vaz Pereira e Welder Rodrigues. O homenageado foi o ator Antônio Pedro, que lamentavelmente faleceu semanas atrás, no entanto foi belamente representado por sua família. Um evento memorável que precisa e permanecer e cada vez mais reconhecer novos talentos, como desta vez inseriu a categoria especial abrindo mais possibilidades de reconhecimento.
O Prêmio Shell de Teatro , veterano, talvez o mais longevo ainda em existência, e já tão esperado pela classe artística, foi igualmente marcado pela diversidade , pluralidade trazendo ao palco pela primeira vez o que até esta edição foi improvável. Unindo os indicados de São Paulo e Rio de Janeiro a festa aconteceu no Teatro Riachuelo no Rio de Janeiro.
Muitos improváveis subiram ao palco levando seus prêmios e trazendo com seus trabalhos novos olhares. Olhares mais amplos e diversos.
Abrindo a noite a companhia ‘A Barca dos Corações Partidos’, recebe com humor , musica e ótima performance, como lhes e característico, as apresentadoras , as atrizes Maria Orth e Verônica Bonfim. A descontração especialmente de Mariza Orth permeou a cerimônia.
Os discursos evidenciaram o esse olhar plural e diverso, assim como, o agradecimento ao júri em atestar essas realidades, em especial por reconhecer que estes artistas antes não lembrados são profissionais tão importantes e qualificados igualmente aos demais. A maioria inclusive, com anos de estrada e ainda invisibilizados.
Corando o evento duas maravilhosas atrizes foram homenageadas: Léa Garcia e Teuda Bara. Momento memorável e de entusiasmo da platéia. A noite ainda recebeu o grupo Galpão lembrando a trajetória de Teuda uma das fundadoras.
Alaíde Costa ao lado Gilson Perazetta abrilhantaram o evento com a apresentação do clássico Manhã de Carnaval, relembrando a atuação de Léa no espetáculo Orfeu da Conceição encenada no Theatro Municipal.
Uma noite alegre, festiva, de encontros, de resignificação do teatro frente à sociedade, cumprindo mais uma vez sua maior função: contar a história de seu tempo. Artistas reconhecidos e valorizados mostrando de forma claríssima que arte não tem fronteira, não se enquadra nos padrões estéticos ou sociais impostos por valores fincados ate aqui. Essa foi a tônica.
O teatro é forte e resistente, dá provas disso a longo do tempo, sobretudo na pandemia. Ali foi a prova dos nove da arte e o teatro se superou, se reinventou e agora desabrocha ainda mais potente e senhor de si. O teatro nos permite cada vez mais enxergar o mundo que nos rodeia. Segue forte e atento.
Vencedores do Prêmio Prio de Humor
Melhor Texto:
- A Alegria Dos Náufragos
Direção:
- Tauã Delmiro por ‘ As Metades da Laranja’
Melhor Performance:
- Suzy Brasil por ‘By, by Brasil’
Melhor Espetáculo:
- As Metades da Laranja
Categoria Especial:
- Centro Teatral Etc e Tal
Vencedores Prêmio Shell
Seleção Júri Rio de Janeiro
Dramaturgia
- Marcio Abreu e Nadja Naira por “Sem Palavras”
Direção
- Renata Tavares por “Nem Todo Filho Vinga”
Ator
- Cridemar Aquino por “Joãosinho e Laíla: Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”
Atriz
- Vera Holtz por “Ficções”
Cenário
- André Curti e Artur Luanda Ribeiro por “Enquanto Você Voava, Eu Criava Raízes”
Figurino
- Wanderley Gomes por “Vozes Negras: A Força do Canto Feminino”
Iluminação
- Alexandre O. Gomes por “A Jornada de um Herói
Música
- Itamar Assiere pela direção musical de “Morte e Vida Severina”
Energia que vem da gente
- ‘Cia de Mystérios e Novidades’, por fomentar há 40 anos um teatro marcado pela diversidade e multiplicidade e, mais recentemente, por ter criado sua Escola Sem Paredes, um complexo de espetáculos, performances, cortejos, intervenções urbanas, exposições, aulas, seminários, oficinas e atividades socioculturais fundamentais para a ocupação do território da zona portuária do Rio de Janeiro e para o enriquecimento do calendário cultural da cidade.
Seleção Júri São Paulo
Dramaturgia
- Dione Carlos por “Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”
Direção
- Ruy Cortez e Marina Nogaeva Tenório por “A Semente da Romã” e “As Três Irmãs”
Ator
- Clayton Nascimento por “Macacos”
Atriz
- Verónica Valenttino por “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”
Cenário
- Bira Nogueira por “Meu Reino por um Cavalo”
Figurino
- João Pimenta por “F.E.T.O (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)”
Iluminação
- Cesar Pivetti por “Brilho Eterno”
Música
- Alisson Amador, Amanda Abá, Denise Oliveira e Jennifer Cardoso pela execução musical em “Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”