
Marina Meliande
Dessas experiências, surgiu a ideia de criar, no Rio de Janeiro, uma residência artística em um formato inédito por aqui, inspirada em residências de cinema internacionais. Daí surgiu o LAB Cinema Expandido e os convites aos artistas @caoguimaraes e @pazencina.
JP – Marina Meliande vamos começar pedindo que você faça um pequeno resumo da LAB e de seu perfil.
O Lab Cinema Expandido é um projeto de formação artística, em sua primeira edição, neste ano focado especialmente em estimular artistas cariocas a pensar sobre os imaginários da cidade do Rio de Janeiro e produzirem uma obra audiovisual a partir de encontros e discussões com outros artistas e pensadores. Temos uma convocatória pública de projetos audiovisuais, que podem circular entre a linguagem do cinema e da vídeo- instalação, que giram em torno de um eixo temático: Rio de Janeiro – fantasmas, máscaras e territórios. Os projetos são propostos por dupla de artistas, formada por uma pessoa do cinema e outra pessoa de qualquer outra área artística (dramaturgia, artes visuais, literatura, música, dança, etc), estimulando a troca de experiências e multilinguagens. Selecionaremos 9 projetos que, ao longo de 3 meses, serão desenvolvidos e realizados sob a orientação de dois artistas convidados: o mineiro Cao Guimarães e a paraguaia Paz Encina, que por sua vez, também desenvolverão uma obra cada um. O Lab Cinema Expandido terá como base a Cinemateca do MAM-Rj e também conta com atividades abertas ao público, como um Ciclo de Conversas com artistas e pensadores, masterclass com os artistas convidados, ciclos de filmes e uma exposição ao final do processo, com as 11 obras produzidas. A programação pode ser encontrada no nosso site: labcinemaexpandido.com ou nas redes como instagram: @labcinemaexpandido.
JP – Qual o principal objetivo deste evento?
O objetivo do Lab é proporcionar encontros e debates sobre a cidade do Rio de Janeiro e suas representações, atualizando imaginários contemporâneos, misturando territórios artísticos e físicos, além de contribuir para a formação de artistas cariocas através da troca entre residentes, artistas, pensadores e produzir obras de excelência artística a serem compartilhadas com o público.
JP – Porque você escolheu Cao Guimarães e Paz Encina para serem os artistas convidados?
Além de serem dois artistas que admiramos muito, transitam entre o cinema e as artes visuais, pensando suas imagens também em espaços expositivos, trazendo em suas obras uma relação com a ideia de cinema expandido. Sempre pensamos em ter uma dupla de artistas convidados que fosse formada por um brasileiro e uma artista internacional, e trazer a Paz, uma cineasta paraguaia fez muito sentido para pensarmos a nossa relação também com a América Latina e nossa memória recente. Ficamos muito animados para ver como esses dois artistas vão colocar seu olhar sobre a cidade do Rio de Janeiro nas obras que vão realizar. Cao e Paz além de realizarem cada um uma obra, também serão orientadores das obras dos artistas residentes, realizarão uma masterclass sobre suas obras, exibirão alguns de seus filmes e obras instalativas na programação da Cinemateca.
JP – Como serão as master classes e o Ciclo de Conversas?
Tanto Cao Guimarães como Paz Encina farão uma masterclass de apresentação de sua trajetória artística, aberta ao público e aberta a perguntas e trocas. O Ciclo de Conversas, coordenado por Ana Paula Alves Ribeiro e Felipe M. Bragança trará tanto conversas entre artistas, como é o caso do encontro de Ana Lira e Yhuri Cruz sobre “Escutas e Dinâmicas Criativas na Cidade”, o encontro de AQUELA Cia de Teatro com Carmem Luz sobre “Cena, Dramaturgia e Arqueologia Simbólica da Cidade”, a conversa com o carnavalesco Leonardo Bora sobre Fantasias, Imagens e Carnaval do Rio, o encontro com o coletivo OPAVIVARÁ que trará seu pensamento artístico sobre “Ocupar a Cidade, Reocupar a Cidade” quanto encontros com pensadores como Luiz Rufino sobre “Imagens, Esquinas e Encruzilhadas”, e Paola Barreto sobre “Fantasmas do Cinema e o Cinema em Expansão”. Esses são alguns exemplos de cerca de dez encontros que, acreditamos, serão riquíssimos para pensarmos a cidade hoje em suas diversas dimensões.
JP – Como fazer para poder participar?
Temos várias formas de participação, a primeira é inscrever um projeto para fazer parte da residência artística, vamos selecionar 9 projetos e desenvolvê-los e produzi-los ao longo de 3 meses, entre junho e agosto deste ano. A segunda é participar do Ciclo de Conversas, Masterclass e eventos, abertos ao público, que acontecerão na Cinemateca do Mam RJ, no período de 16 de Junho a 16 de Julho. A terceira forma de participar é frequentar a exposição que exibirá as obras produzidas ao longo da residência, em local e data ainda a serem confirmados, após agosto. Todos os eventos e atividades serão gratuitos.