
Margareth Telles, Pablo León, Regina Casé, Mary Marinho, Haroldo Costa e Joana Marinho
Uma das maiores retrospectivas de Heitor dos Prazeres (1898-1966) no país, “Heitor dos Prazeres é meu nome” reúne mais de 200 trabalhos do artista no campo visual, musical, do samba e da moda. Sua obra é iniciada no período pós-abolição, em que se estabeleceram as bases da cultura nacional, muito influenciada pela matriz afro-brasileira. Pinturas, canções, partituras, projetos, desenhos, discos e indumentárias marcam a trajetória de Heitor dos Prazeres e sua relação com diferentes esferas da produção cultural. Importante sambista, compositor e instrumentista, ingressou nas artes visuais produzindo trabalhos que refletem a realidade pós-escravagista da população negra. No momento em que as elites do Rio de Janeiro e do Brasil estavam voltadas para os valores do branco europeu, da matriz colonialista, o artista, em sentido oposto, reproduzia em suas obras o que via e experimentava nas vivências como homem negro: os fluxos migratórios de africanos e seus descendentes, a mudança do campo para a cidade, a religiosidade, a repressão policial, a capoeira, o samba, a afetividade, entre outros temas. Tamanha a relevância de sua obra, instigante e inovadora, animada pelo protagonismo do negro na sociedade brasileira, e suas aspirações de liberdade e igualdade, que o artista veio a ser cassado pelo Ato Institucional nº 1, de 1964.
Como sambista, desempenhou papel fundamental na criação de blocos e ranchos e na fundação das primeiras escolas de samba do Rio de Janeiro: Mangueira, Portela e Deixa Falar, que mais tarde ganhou o nome de Estácio de Sá. Frequentador da casa de Tia Ciata, compôs com Noel Rosa a famosa canção “Pierrô Apaixonado” e muitas outras de autoria própria, e conviveu com baluartes como Cartola, Paulo da Portela e Pixinguinha.
Ingressou na pintura já consagrado na carreira musical e no samba. Participou de mostras e exposições de relevância nacional e internacional. Em 1951, recebeu prêmio na I Bienal de Arte de São Paulo na categoria pintura nacional. Em 1953, participou com obras em sala especial da II Bienal de São Paulo. Em 1961, expôs no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ). Em 1966, em seu último ano de vida, participou do I Festival de Artes Negras em Dakar, no Senegal.
Haroldo Costa, curador da exposição junto com Raquel Barreto e Pablo León de La Barra, esteve com Heitor dos Prazeres em Dakar: “Heitor foi, em sua época, o que viríamos a denominar, hoje, artista multimídia. Uma grande satisfação poder apresentar a trajetória desse extraordinário criador e sua obra pioneira, elegante e surpreendente para o grande público do CCBB RJ”. A abertura no CCBB foi na noite desta terça-feira, 27. Confira nas fotos de Cristina Granato.
Serviço:
Exposição “Heitor dos Prazeres é meu nome”
De 28 de junho a 18 de setembro de 2023
Classificação indicativa: Livre
Local: Centro Cultural Banco do Brasil
Endereço: Rua Primeiro de Março 66 – 1º andar – Centro, Rio de Janeiro
Funcionamento: Segundas, quartas, quintas, sextas e sábados, das 9h às 21h; e Domingos, das 9h* às 20h.
*Aberto ao público com deficiência mental / intelectual das 8h às 9h, em atendimento à Lei Municipal nº 6.278/2017.
Entrada Gratuita