
Hoje meu entrevistado é o ator e, agora, filósofo Marcelo Picchi. Ele começou a carreira no Teatro no final dos anos 60. Em 1972, Marcelo Picchi estreou no cinema, participando do filme “Noites de Iemanjá”. Depois fez ainda os filmes ‘O Exorcismo Negro”; ”Amor Voraz”, “Marília e Marina”; “ Sábado Alucinante”; ”Os Campeões”; “ Eternamente Pagu”; “Uma Escola Atrapalhada”; entre outros. No mesmo ano estreou na antiga TV Tupi, na novela “Camomila e Bem-Me-Quer”. Ainda, na mesma emissora fez ”Rosa dos Ventos”, e “Divinas e Maravilhosas”. Depois migrou para a TV Globo , onde fez várias novelas: “Bravo”, “O Casarão”, “A Sombra dos Laranjais”, “Sem Lenço Sem Documento”, “Feijão Maravilha”, “Coração Alado”, “ Ciranda de Pedra”, “ O Homem Proibido” e “ Corpo a Corpo”. Fez breve passagem pela Rede Manchete e voltou para a Globo onde deu sequência aos papéis importantes. Em nosso bate-papo ele fala da carreira e dos planos para o futuro.
JP – Como tudo começou?
Eu comecei a fazer teatro no ano de 1968, em São Carlos, São Paulo. Ou melhor, em 1966, eu estava com dezoito anos, e tocava na banda do tio Guerra, que depois foi candidato do teatro municipal da cidade. E eu fui lá, tocamos na banda, e fui convidado para assistir a peça que inaugurou o teatro. Foi a primeira vez que eu assisti um espetáculo de teatro, que era inclusive com o ator Tarcísio Meira. E a partir desse dia eu decidi que eu queria fazer teatro. Segui então no teatro amador, fui para São Paulo e encenei Alzira Power, depois fiz outras tantas peças de teatro. A seguir fui para a televisão. Primeiro na TV Tupi onde atuei em Camomila e Bem-me-quer. Depois o Abujamra me convidou para ir para a Globo. Vim para o Rio de Janeiro, fiz o teste, e passei. A minha primeira novela foi O Bravo, de Janete Claire, e muitas outras. Fiz cinema também. Destaco Amor Voraz, A Republica dos Anjos, entre outros. O mais popular de todos os filmes foi o que fiz com os Trapalhões, Uma Escola Atrapalhada. JP – O que mais te fascina, o Teatro ou a TV? Por quê? O que mais me fascina é preencher a curiosidade de entrar numa outra realidade que não é a minha, mas que tem de perceber os elos que tem com a minha, mas de outra forma, de ser. Existem mil maneiras. O ser humano pode até ter coisas parecidas uns com os outros, coisas básicas, infinitas maneiras de ser, modos de se expressar. A arte de representar nos oferece como um grande presente: essa capacidade de penetrar em outras realidades, em outras vidas, e brincar como se fosse a sua própria vida. É uma brincadeira. Brincar de ser outra coisa, de ser mendigo, um cafajeste, de ser uma pessoa boa, de ser um herói, é sempre uma brincadeira.
JP – Qual a novela que mais te marcou? Dona Beija. Foi a novela que me colocou como grande galã romântico. Eu fazia o marido da Maitê Proença, a Dona Beija, um personagem que existiu de fato. JP – Qual a sua opinião, no ponto de vista hoje, em relação aos novos atores? Tem atores e atrizes maravilhosos em cena. Não quero citar nomes. Fico impressionado com a geração de atores e atrizes que estão ai atuando. JP – Tem algum projeto para este ano? Eu tenho um projeto chamado Sorrir, que são vários contos, de Tiago Picchi, que é meu filho, que é um robô, e eu tenho vontade de atualizar esses contos. Também tenho vontade de fazer um musical sob a direção de Ernesto Piccolo, onde vou cantar e representar, que é uma nova faceta da minha carreira. Sou cantor, faço canto, mas ainda não fiz um musical. JP – Uma grande perda para você em relação a arte. Marilia Pêra, uma grande atriz, bem como Raul Cortez e minha amiga querida Camila Amado. JP – Você trabalhou com grandes nomes da TV. Tem algum em especial que se destaca? Miguel Falabella, um gênio da cena artística brasileira. Ele canta, dança, representa, dirige, tem ideias maravilhosas, produz. Pessoa humana, sensível, carinhoso com os seus amigos. Fiz com ele Pé na Cova, e no teatro O Que o Mordomo Viu. JP – Uma dica para quem está iniciando a carreira de ator. Uma dica para quem quer começar a carreira de ator é a leitura. Ator burro já não dá mais. Tem quer ler os clássicos. Tem que ler muito. Tem que ter muita cultura. JP – Durante um período, você se afastou da televisão e foi estudar filosofia. Fale um pouco sobre essa experiência. Eu dei uma ressentida e achei que as coisas mudaram muito dos anos quando comecei nas décadas de sessenta e setenta, quando o teatro era um jogo de intelectuais, um jogo de inteligência, e muita cultura. E, depois que eu fui para a televisão, eu senti um pouco a falta desse exercício, do pensar. Eu trabalhei com grandes diretores como Abujanra, Aderbal Freire Filho, entre outros. Eu senti falta disso e fui procurar estudar de novo, que foi quando eu ingressei na Faculdade de Filosofia da UFRJ. Aos 62 anos de idade prestei um novo vestibular e consegui ser aprovado. Em 2017, eu retornei novamente a Faculdade para cursar as disciplinas de licenciatura para poder lecionar. Mas veio a pandemia e cancelaram os concursos. Mas eu pretendo dar aula de Filosofia.
JP – Uma frase favorita de Marcelo Picchi.


Em tudo na vida tem sempre uma escolha.