
As mensagens encontradas na nuvem meio arrupiada que logo que se escafedeu e virou água reunia umas conversas suspeitas da gota entre os membros de um grupo que tinha por nome e condinome Cabras da Peste:
“Cidão, miséra, que desgraceira no caminho da feira é que tá acontecendo no cabaré? Por que desgraça o perrê não dá logo o Pronto pra gente começar esse cabrunco desse golpe?”
“Se avexe não, homi! Na hora certa da disgrama estourar e feder estaremos todos arretados e vamos explodir a porra toda!
“O Perrê tem que nos autorizar”.
“Sossegue, general. Não seja abestado, coronel! O Perrê sabe a hora e o momento certo de autorizar a furelage! Estamos fazendo os levantamentos dos tanques e dos fuzis que vamos precisar.”
“Massa! Mas Pra quê tanques, Cidão? Pra quê fuzil, homi? Vamos dar o golpe de jegue e com espingardas de pólvora e chumbo!”
“Oxi, major! Onde já se viu isso, capitão?!”
“Civil porra nenhuma, seu leso! É tudo milico! E tudo de cabo pra cima, prontos pra soltar os pipôco!!!”
“Vixe, Maria do Céu!…”
Em outro conversê interceptado, o lambe-botas, pau mandado e amarra- cachorro do Perrê, Cidão, diz a outro de sua laia:
“Não ouviu o vice-Perrê desavexando os abestados que comiam grama e marchavam na chuva em frente ao quartel? Ele disse que podia esperar, que continuassem de prontidão porque a jurupoca ia piar, o bicho ia pegar, a hora ia chegar…”
“Quem vive de promessa é santo, homi!”
“Que se segurasse nos exemplos do passado!”
“Quem vive de passado é museu! Quero ver a cobra fumando, sertão virando mar, as tropas na rua!”
“Homi, rapaz, se avexe não! Na hora certa a onça bebe água, o tatu sai da toca, o Perrê tá no comando!”
“Prest´ tenção, cabra! O Perrê vai parar é na Papuda! Tá rebocado…”
“Ô, gente agoniada”, concluiu o borra-botas, encerrando a ligação.
Pois tanto conversaram, ameaçaram e fizeram, que os golpistas de meia tigela se armaram de pau, pedra, peixeira e espingardas e resolveram botar pra quebrar. Quebram sedes do Governo e dos principais poderes, fizeram selfies para as famílias, os amigos, e, para alegria do Perrê – que a essa altura tinha montado no jegue e picado a mula – cagaram na entrada e na saída e foram reclamar das marmitas, um por um um, no xadrez municipal. Não contavam com a astúcia do gavião Xandão, o vingador, que mandou processar e condenar os revoltosos.
Os abestados de porta de quartel que não foram pegos voltaram para suas casas, maldizendo o comando. Perrê voltou do exílio voluntário e começou a prestar contas de suas putarias; Cidão foi parar no xadrês; e boa parte dos apoiadores fugiram pra casa da Mãe Joana ou das putas que os pariu.
Porque golpe à baiana que se preza é assim: se não acaba em dendê, acaba em sifudê!