
Susi Sielski Cantarino, a argentina mais carioca do que muito carioca “da gema”, conheceu o que ela descreveu como “pedaço encantador em Santa Teresa”, na época chamado Hotel dos Descasados. Quatro décadas depois, Susi retorna ao espaço – agora renovado e batizado Hotel Santa Teresa MGallery -, não mais na condição de visitante, mas de artista convidada. Até meados de setembro está aberta ao público sua mostra individual, “Conexões”, que ocupa o lobby do hotel instigando e atiçando os sentidos do espectador, que pode adquirir as peças expostas. Usando materiais diversos, entre eles terra, bambus e até cristais Swarovski, a artista produz trabalhos que vão de folhas com inscrições transparentes a esculturas medindo quase dois metros de altura. Prateleiras de aço industrial se transformam em objetos do desejo que honram o Ser: “Objet trouvé”. Lençóis de infância delicadamente trabalhados com almofada e alfinetes estampam o rosto da poetisa Virgínia Victorino, que, por ser mulher e homosexual, foi pouco aceita pela sociedade hermética portuguesa na sua época. Todas as obras apresentadas são resultado das centenas de experiências da artista. SHALOSH (número 3 em hebraico), por exemplo, de 2008, foi criada três anos depois de ganhar o segundo prêmio na Biennale de Firenze.
“A proposta é resgatar memórias, traduzidas em cores e formas de técnicas diversas que conversam entre si, apesar de seus diferentes conteúdos. Que, como o ser humano, na sua diversidade, se fortalece. Se integra. Emociona. Transcende”, afirma.