
Seu nome de batismo é Maria Lúcia Souza Areal, mas no meio artístico ela é a Lulu Areal. Figurinista desde a década de 1970, quando começou como assistente de Carlos Gil, figurinista da TV Globo, em 1973, na novela “Carinhoso”. Em 1977 foi promovida por Valter Avancini, começando a carreira com a novela “Nina”. No currículo a criação de figurinos para várias novelas, sendo as mais famosa “Pai Herói”, “Ciranda de Pedra” e “A Viagem”. Fez a minissérie “Grande Sertão Veredas”. Na linha de shows trabalhou no Chico Anísio Show, Os Trapalhões, Especial Roberto Carlos, Criança Esperança e Jovens Tardes. Ainda atuou no teatro, participando dos musicais: “Evita”, “Bibi in Concert 3”, as peças “Letti e Lotte”, “Only You”, e várias outras sendo a mais recente “Dorotéia”, pela qual foi indicada ao Premio APTR. Minha ilustre convidada dessa semana é essa pessoa talentosa e simples. querida por todos no meio artístico.

JP – Além de tudo isso que falamos acima o que mais você tem em seu currículo?
Fiz, com Kalma Murtinho, a produção de figurinos da ópera O Trovador, reinaugurando o Theatro Municipal após a reforma.
Em mais de 40 anos de profissão atuei em praticamente todas as áreas.
Em paralelo com as minhas atividades na TV e no teatro, há 25 anos também me dedico a criar figurinos para dança, tendo colaborado com as academias: Carlota Portella, Sauer Danças, Gisele Tapias, Nós da Dança e outras. Atualmente estou produzindo figurinos para a festa de comemoração dos 30 anos da Cia Deborah Colker e do seu Centro de Movimento.
JP – Como se deu o seu interesse em trabalhar como figurinista?
Meu interesse por figurinos começou na infância, aos 5 anos já desenhava bonequinhas e seus vestidinhos. No colégio criava vestidos para as amigas irem a festas, depois ajudava minha mãe criando roupas para as clientes de sua malharia. Nasci figurinista.
JP – Como se deu a sua formação na área?
Minha formação foi de Artes Plásticas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde tive oportunidade de aprimorar a técnica de desenho e pintura.
JP – Você atuou na televisão, sobretudo na TV Globo. Na equipe de figurinistas da emissora, quais foram aqueles que você conviveu profissionalmente? Quais aqueles figurinistas que você admirava o trabalho?
Convivi profissionalmente com grandes figurinistas, a começar por Carlos Gil (novelas como Carinhoso, O Bem Amado, A Cabana do Pai Tomás e muitas outras), Isabel Pancada(novela Escalada), Sorensen (vinhetas de abertura do Fantástico), Marilia Carneiro, Helena Gastal, Emilia Duncan, Beth Filipeck. Admirava e continuo admirando o trabalho de Marilia Carneiro , que considero a mais completa figurinista por sua excelência em todas as áreas: novelas, séries, programas de humor , shows e até jornalismo.
JP – Qual é a diferença entre criar um figurino para a televisão e para o teatro?
A diferença entre criar figurinos para TV e teatro é basicamente o ponto de vista do espectador. A tv você assiste através de um aparelho eletrônico que te dá infinitas oportunidades de observação do trabalho da equipe de criação e do elenco, tornando o produto quase eterno, ainda mais com os recursos tecnológicos cada vez mais avançados.
No teatro você assiste ao espetáculo presencialmente, então o figurinista tem que se preocupar com o efeito das roupas ao vivo, logo, a distância que o público ficará do elenco é fundamental .
Para mim a famosa mágica do teatro é o instante em que você presencia um espetáculo, é uma experiência única.
JP – Como é o processo de criação dos figurinos para uma novela, por exemplo?
Criar figurinos para novelas é, a partir de uma sinopse da novela, criar um guarda roupa para cada personagem de acordo com suas características físicas e psicológicas a partir da concepção do autor e do diretor. A diferença para outros trabalhos é que acompanhamos o desenrolar da história durante meses, logo temos que pensar em roupas para o cotidiano de cada personagem. Vamos desde pijamas até roupas de festas. Antes de começar a gravar, cada artista ganha o seu enxoval básico, que pode ir de pijamas a roupas de gala e casamento. Tudo dentro do contexto de cada cena.
JP – Numa produção que é de época, histórica, como se dá o trabalho de um figurinista?
Produções de época é a paixão de 10 entre 10 figurinistas. Nesse caso temos que mergulhar na época do universo dos personagens através de pesquisas. Temos que reunir a maior quantidade de informações através da internet, fotos, obras de arte e se for uma época mais próxima, conversas com pessoas que viveram o período. A dificuldade de execução está em encontrar materiais o mais semelhantes possíveis com o que se usava. Daí surgem soluções criativas como vestidos feitos a partir de antigas toalhas de mesa
JP – Você já lecionou também?
Nunca lecionei, a não ser no período de formação, onde fazia parte do currículo um estágio como professora.
Mas dou aulas práticas para as minhas queridas assistentes, como Carlos Gil e outros figurinistas me davam durante todo o período de qualquer trabalho.
JP – Qual foi a sua produção de figurinos que mais te marcou, a sua preferida? E a que mais fez sucesso?
Foram duas as minhas produções preferidas: Evita no teatro e Ciranda de Pedra na TV. Foram trabalhos não só muito interessantes e enriquecedores profissionalmente, como extremamente divertidos e alegres em nível de pessoal, com elencos e equipes muito integradas e amorosas.
Acredito que o meu trabalho mais famoso tenha sido Pai Herói, uma novela recordista de ibope.

A principal diferença entre criar e produzir figurinos atualmente é a informática, que nos proporciona acesso imediato a informação sobre o que está sendo lançado na moda de todo o planeta e infinitas fontes de pesquisas e inspirações. Nosso trabalho também foi enriquecido pela tecnologia na elaboração e apresentação de nossas criações com programas de computadores que praticamente desenham sozinhos.