
Um dos mais importantes nomes do fotojornalismo brasileiro expõe no Centro Cultural Banco do Brasil, CCBB RJ, 160 fotos, em preto e branco, que destacam a cobertura internacional do golpe militar no Chile em 1973.
Ao selecionar o lado político e histórico da carreira de Evandro Teixeira, o curador da mostra, Sergio Burgi, que é o coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, dá uma visão múltipla do talento deste fotógrafo.
A sequência de fotos que ele mesmo considera um dos marcos de sua carreira, foi a da morte e o enterro do poeta Pablo Neruda. “Dentro da clínica fiz a maca, fiz várias fotos, apavorado. Eu olhava em volta, pensava naquele mundo de fotógrafos em Santiago e dizia para mim mesmo: não, não é possível, só eu aqui, só eu?”, relembra. Evandro registrou naquele dia e no dia seguinte detalhadamente todas as etapas do velório e enterro do poeta.
O curador Sergio Burgi comenta a importância da série de imagens, principal destaque da exposição: “É uma documentação excepcional e em grande parte ainda inédita, oriunda da obstinação e audácia de um fotojornalista brasileiro que conseguiu penetrar incógnito no hospital onde se encontrava o corpo do poeta que admirava e conhecera no Brasil”.
Além dos registros feitos no Chile, a mostra traz imagens produzidas por Evandro durante a ditadura civil-militar brasileira, em um diálogo entre os contextos históricos dos dois países. Em monitores dispostos pelo espaço expositivo, são apresentados trechos de filmes que documentam o período, como “Setembro chileno”, de Bruno Moet, e “Brasil, relato de uma tortura”, de Haskell Wexler e Saul Landau. Ainda podem ser vistos livros, fac-símiles e outros objetos, como máquinas fotográficas e crachás de imprensa.
Baiano radicado no Rio de Janeiro, Evandro Teixeira, construiu em quase seis décadas uma carreira bem diversificada na imprensa carioca, e trabalhou durante 47 anos no Jornal do Brasil. O mesmo fotógrafo destemido que enfrentou situações complexas também ficava à vontade ao retratar as mais diferentes personalidades, como Ayrton Senna, e era presença constante nos desfiles de moda.
“Minha aventura pessoal identifica-se com a aventura vivida pelo mundo. Não tenho méritos para isso, sou um homem manejando uma câmera. Quando bem operada, é um fósforo aceso na escuridão. Ilumina fatos nem sempre muito compreensíveis. Oferece lampejos, revela dores do impasse do mundo. E desperta nos homens o desejo de destruir esse impasse.”
Sem dúvida, a mostra é uma oportunidade preciosa para entrar em contato com a arte de Evandro Teixeira!
Evandro Teixeira, Chile, 1973
Até 13 de novembro de 2023
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ
De quarta a domingo, das 9h às 20h.
Fechado às terças-feiras.
Classificação indicativa: 14 anos
Entrada franca, com ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura.
– Evandro Teixeira
– Pablo Neruda
– Matilde Urrutia, mulher de Pablo Neruda