
Ela começou a vida profissional mergulhando no universo da arquitetura. Trabalhou com nomes importantes da área, depois ganhou asas e partiu para os Estados Unidos onde formou-se em Artes Plásticas. Participou de várias exposições na Europa e Estados Unidos, Minha convidada dessa semana é a agitadíssima Patrícia Secco. Confira!
JP – Patrícia, onde você nasceu? Como foi sua infância?
Nasci no Rio de Janeiro. Minha infância foi maravilhosa, brincava no jardim da casa dos meus pais, livre e com muita brincadeira e amor. Fui, sim, uma privilegiada.
JP – Você é arquiteta de formação, e trabalhou com pessoas expressivas da área como Paulo Casé e Luiz Acioli. Comente sobre essa experiência.
Trabalhei por 6 anos no escritório deles — uma verdadeira aula para qualquer arquiteto na época. Participei de grandes projetos de hotéis, casas e edifícios. Era um prazer poder projetar nas pranchetas desses arquitetos que eram ícones do momento. Além de muito profissionais, viraram meus amigos pessoais.
Ensinaram tudo que sei de arquitetura.
JP – Num segundo momento, você foi residir nos EUA, e estudou na Corcoran School of Art, formando-se em Artes. Por que você migrou da carreira de arquiteta para a de artista plástica?
Migrei para a carreira de artista plástica / visual porque, entre as matérias da faculdade de arquitetura, tinha Desenho Artístico 1, 2 e 3. E quando eu desenhava e pintava as fachadas das casas em aquarela, eu me apaixonei e só tirava nota 10. Tinha também Plástica 1 e 2, e quando me via com uma escultura na mão, pulava de alegria, e as minhas notas eram também muito altas. Me formei em arquitetura, trabalhei em várias áreas da mesma, por exemplo: na Fundrem, trabalhei com Planejamento Urbano. Fui para o Casé, e trabalhei com o amplo mundo da arquitetura. Depois fui ser arquiteta da Loja Ipanema Design, onde eu desenhava móveis. Explorei o que podia na minha formação de arquiteta. Então, quando mudei para os EUA, resolvi fazer a Faculdade de Artes Plásticas, que foi onde me encontrei realmente na minha profissão. Estou falando de 35 anos em que exerço essa profissão das artes — e sou apaixonada. Não paro de produzir.
JP – Você tem uma trajetória internacional de exposições. Como o artista brasileiro é tratado no exterior? Você considera ter conseguido o reconhecimento das suas produções artísticas fora do Brasil?
No exterior a competição é grande, mas mesmo assim comecei ganhando vários prêmios que nunca imaginava que ganharia algum dia. O brasileiro é tratado no exterior como qualquer artista plástico. As chances são enormes e a seriedade é outra. E a diferença que senti quando cheguei no Brasil, é que lá fora todos os artistas se unem, são aglutinadores. Nos encontrávamos uma vez por mês para mostrar e discutir nossa arte com grandes profissionais. Aqui no Brasil, sinto uma certa individualidade dos artistas.
JP – Qual foi a sua exposição internacional de maior sucesso?
Expus em vários lugares na Europa e nos EUA. Em galerias renomadas, mas a que me deu muita visibilidade foi a Bienal de Florença.
JP – Como você avalia os espaços existentes para as exposições no Brasil?
Os espaços no Brasil para artistas são maravilhosos, especialmente quando exponho em museus. Tipo o MAM de Salvador, o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, ou o CCBB de Brasília, onde também expus. As galerias são ótimas, mas geralmente querem exclusividade do artista, e isso é algo que não faço. Mas mesmo assim me chamam para expor nelas e é sempre muito bom.
JP – Em 2022, você apresentou no Espaço Cultural Correios uma exposição chamada Atlantis. Como o mito de Atlântida lhe inspirou no seu fazer artístico?
A Lenda de Atlanta me inspirou, porque tive um sonho com o mar de Atlantis acabando… e como tenho essa preocupação diária com o Meio Ambiente (porque sou casada com um economista de Meio Ambiente), quando acordei do sonho, a exposição estava toda pronta. As obras foram feitas em cerâmica, representando flores da minha cabeça, marítimas, todas esmaltadas em branco, para simbolizar que as flores estavam indo embora, como o Mito de Atlantis.
JP – Como você avalia as produções artísticas brasileiras contemporâneas? Quais os artistas com quem você gosta de dialogar e cujos trabalhos admira?
Acho que os bons artistas contemporâneos brasileiros são muito bons, têm muito conceito e profundidade. Admiro muito o trabalho do Antônio Bokel, do Marcio Roberto e, como grafiteiro, o do Toz. Sou amiga deles e gosto do diálogo com os próprios.
JP – Quais são os seus projetos futuros? E, para finalizar, deixe uma mensagem para todos os seus seguidores no campo das artes plásticas.
Meus projetos futuros são muitos, porque sou uma artista eclética, gosto de mudar sempre de mídia. Transito na aquarela (onde tenho o domínio total), na pintura acrílica, nas esculturas de arames, nas esculturas em tecido, e no momento estou encantada com a arte contemporânea têxtil. Meu projeto atual é com os tecidos, crochês, teares, bordados. Muita coisa nova virá por aí… Minha mensagem para os artistas contemporâneos, e meus seguidores, é que estudem muito e, o principal: pratiquem todos os dias, participem de todas as oficinas de arte que existem. E que não sejam nunca individualistas, procurem sempre estar com artistas em volta para o próprio crescimento da carreira.
Fotos Ale Teixeira e Ary Kaye