
O artista plástico Renato Sant'anna mostrando uns de seus belos trabalhos.
Meu convidado dessa semana é conterrâneo do Rei, mais um talento vindo do Espírito Santo.
O artista plástico Renato Sant’Ana é natural de Cachoeiro de Itapemirim-ES, nascido em 1961. Frequentou no final da década de 80 a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no mesmo período em que trabalhou com o pintor Jorginho Guinle em seu ateliê em Copacabana. Participou do IX Salão Nacional de Artes Plásticas de 1987 em Brasília, e entre várias exposições individuais e coletivas de seu trabalho ao longo de sua carreira, destacam-se as realizadas no Centro Cultural dos Correios-RJ, Museu Nacional de Belas Artes-RJ, Paço Imperial-RJ, Centro Cultural da Light-RJ, Feira Parte-SP, Salão de Arte da Hebraica-SP, e Museu Afro Brasil-SP. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Confira!
JP – Você nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, no interior do Espírito Santo, local onde também nasceu o grande cantor e compositor Roberto Carlos. Como foi a sua infância?
Minha infância foi marcada por uma constante paixão pela ciência, o que me rendeu vários prêmios nas feiras de ciência escolares. Lembro que tinha todos os exemplares da coleção “Os Cientistas”. A alquimia sempre esteve presente, alimentada pela curiosidade e pelas influências artísticas da família, principalmente de minha avó paterna, uma exímia pintora realista, filha de um alemão que fabricava artesanalmente pianos de cauda. Observá-la pintando me transportava para um lugar ainda inconsciente, o mundo da arte.
JP – Qual é a sua formação?
Comecei meus estudos em Arquitetura na Faculdade Silva e Souza, sendo depois transferido para a Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ.

JP – Por que você optou em seguir o caminho das artes plásticas?
Foi frequentando as aulas de modelo anatômico e escultura na universidade que meu caminho em direção às artes plásticas teve seu início. Neste período comecei também a frequentar o ateliê do pintor Jorge Guinle, e vários artistas da época que tinham contato com o meu trabalho me incentivavam para que me matriculasse na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. A mudança de rumo foi naturalmente se consolidando à medida que eu penetrava mais nesse mundo.
JP – Você trabalhou no ateliê do Jorge Guinle. Qual foi a importância do “Jorginho” para a arte brasileira e para a sua formação como artista?
Jorginho Guinle dominava a pintura de vanguarda como ninguém. Para mim, um dos maiores gênios da pintura, simplesmente brilhante. Foi o grande responsável pela elevação do debate crítico e técnico da pintura moderna brasileira. Gostava muito da minha pintura, da minha paleta de cores, e isso por si já era um grande incentivo. Certamente ter trabalhado com ele influenciou muito minha maneira de pintar. Ele foi o responsável pelo meu entendimento da pintura abstrata, e um grande incentivador crítico no meu início de carreira.
JP – Você atuou no núcleo de Pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Como foi essa experiência?
O grande responsável pelo meu ingresso no Parque Lage foi Daniel Senise. Um período muito importante, de muita troca e aprendizado devido ao contato com outros artistas. Pela primeira vez pude usufruir de um espaço físico adequado, o que me possibilitou dar asas à minha pintura, passando a produzir muito mais.
JP – Quais são as peculiaridades da arte que você produz?
Minha arte é uma mistura de ciência, química e espiritualidade. Uma grande e improvável reação química, pura alquimia.
JP – Na individual que você produziu em 2012 no Centro Cultural Correios intitulada Oxidação da Tabela Periódica, você relacionou arte e ciência. Como você pensa essa relação?
A relação entre arte e ciência é bem natural e óbvia na minha visão. Os pintores da renascença produziam suas próprias tintas. O ato de pintar é um momento em que ciência, tecnologia e química se fundem na alma e na pele do artista, que por sua vez abriga toda a tabela periódica.
JP – Quais são os seus projetos futuros?
O futuro é consequência do presente, então sigo produzindo minha arte com entusiasmo e coragem, que é o que me move, acreditando que a alquimia e a criatividade não param nunca, e as novidades serão apresentadas no momento certo.
JP – Vale a pena ser artista plástico no Brasil? Como você avalia a produção artística brasileira contemporânea?
Vale a pena ser artista plástico onde quer que se esteja, eu não saberia viver de outra forma, a pintura está no meu sangue. A produção artística brasileira está em alta, sendo cada vez mais bem representada em galerias, feiras e bienais pelo mundo, em um sinal claro de crescente evolução.