
Imagine se um dia, por algum motivo misterioso, a sua vida começa a virar ao avesso. No passar de um curto período de tempo, você começa a experimentar a angústia de ir se tornando aquilo que você mais rejeita? E, a partir daí, começa a se dar conta do que é experimentar a vida na condição oposta da qual você sempre esteve acostumado a viver?
É com essa pegada que o escritor, dramaturgo e roteirista, Aldri Anunciação lança o livro “Pretamorphosis: biografia não-autorizada de um ex-branco”, pelaEditora Malê. A tarde de autógrafos será dia 13 de janeiro, às 17h, na Blooks Livraria, dentro do Espaço Itaú de Cinema na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Neste vertiginoso enredo com ares (pseudo) kafkianos e carregado de crítica social, Aldri entrega uma narrativa leve e distópica na qual propõe ao leitor o exercício de se imaginar no lugar do outro como a única possibilidade de conhecer radicalmente a sua própria realidade.
Gregório, um rapaz branco, de classe média, um dia acorda com um sinal preto na mão e, aos poucos, vai se tornando uma pessoa negra. É quando ele começa a vivenciar uma escalada de todas as dificuldades que a nova cor de pele lhe impõe em uma sociedade que se quer branca. Sua simples existência se transforma em risco de vida, e agora, pretamorfoseado, Gregório também precisa aprender a sobreviver.
De uma hora pra outra, ele passa a notar, por exemplo, a inquietante vulnerabilidade que uma pessoa negra sente ao se perceber como o “diferente” no ambiente. De repente, ele passa a temer não ser mais reconhecido por sua família, por seus pares e experimentar uma série de rejeições nunca antes imaginadas.
“A ideia de escrever esse livro surgiu num espaço de encruzilhada da negritude, que vive entre as questões inerentes à sua ancestralidade e a vida cotidiana na qual os brancos ainda são a maioria nos espaços de poder. Ele é endereçado aos negros e aos brancos, pois cada um vai compreendê-lo de um jeito”, explica o autor. A certo ponto da narrativa, imagética como um filme, Aldri reforça a questão da invisibilidade negra.
Foto Joedson Miguez