
Pão ou brioche?
Geisa Patrícia, moradora de São João de Meriti, foi visitar a mãe no último dia 14 e não pode voltar para casa. Depois da chuvarada, a água chegava na altura do pescoço. Perdeu tudo!
A história mostra que a população mais carente e sofre com a vida precária. A baixa renda a torna mais vulnerável e a disparidade social chega a anular os direitos do cidadão.
Neste fim de semana, como em outros anos atrás, a população do Rio de Janeiro e Região Metropolitana, voltou a sofrer com as fortes chuvas. Chuvas estas que, como em anos passados, provocaram inundações com perdas de materiais e de vidas.
Na coluna no Jornal O Globo do dia 16 de janeiro, a jornalista Mirian Leitão cita alguns números do Mapa da Desigualdade elaborado pela ONG Casa Fluminense. Entre 2021 e 2022, foram 2,2 milhões de pessoas atingidas e 487 milhões de danos. Em 2023, 84% dos doentes foram internados devido à contaminação da água.
A negligência do poder público ignora os problemas que se repetem a cada estação das chuvas, cujo impacto é econômico, social e de saúde.
A cada eleição, surgem os planos mirabolantes de candidatos com promessas e esquemas para incluir uma infraestrutura que resolva o problema das chuvas. Alguma coisa é realizada exporadicamente mas sem um projeto de continuidade e tudo parece ser esquecido até a próxima tragédia… e a próxima eleição…
Com a participação da própria associação de moradores pode-se começar um projeto – e é pela educação e informação que as pessoas vão começar a cuidar de sua comunidade. Daí, políticas municipais, estaduais e até federais devem investir em projetos de base como um sistema de água e esgoto, a construção de barragens e diques, a limpeza de rios e córregos, a compra de bombas para esvaziamentos e sistemas de alerta.
Geisa Patrícia, de 28 anos, com seu marido e o filho de 4 anos foram à prefeitura de São João para fazer o cadastro social no dia 15 de janeiro. A informação é de que vão passar na sua casa para verificar as perdas e decidir um valor – mas que nada era certo!
Na fila para o cadastramento, recebeu um saco de plástico com um pão e uma banana – “para a família”!
Isso me lembrou que, na época da Revolução Francesa, a rainha Maria Antonieta, quando soube que os pobres não tinham nem pão para comer, ela disse: “que comam brioches – que quem perdeu a cabeça, foi ela!