
O espaço explorado pelo cinema ofereceu, através de décadas, histórias e reflexões únicas sobre a vida na Terra. Das catástrofes às indagações sobre estarmos sozinhos, a possibilidade de encontrar vida além do nosso mundo segue eternamente sendo considerada pela humanidade. Vez ou outra produções intimistas têm a chance de levar o espectador a refletir sobre a vida nessa imensa esfera azul quando vista de fora. E oportunidades como essa, recomenda-se aproveitar.
Adam Sandler dá vida ao cosmonauta tcheco Jakub Procházka. Um homem em direção a um fenômeno instigante que se revelou no céu há pouco mais de 4 anos. Numa missão solitária de seis meses, Jakub avança atrás de respostas para perguntas mal elaboradas. Sua jornada é um exemplo perfeito de como é a vida num planeta que entende que tudo pode ser uma publi. E que, desde a primeira volta no espaço, eventos como esse sempre foram sobre quem vai fazer o quê primeiro, lá em cima. O que realmente importa, sempre decola eclipsado por questões políticas e capitalistas. Enquanto acelera em direção a uma intrigante nebulosa, não lhe falta tempo para pensar em sua esposa Lenka (Carey Mulligan), que está grávida, em sua infância e, principalmente, arrependimentos diversos que embarcaram com ele. Mas sua rotina de experimentos e exercícios é interrompida com o surgimento da criatura Hanus (Paul Dano). Uma aranha alienígena gigante muito mais real que os sonhos intensos de Jakub. Dividir a nave com o inesperado visitante faz o caminho até o fim da missão uma jornada pessoal de avaliação de escolhas e de questionamentos sobre um possível futuro diferente. Hanus se faz presente nos pensamentos e nas lembranças desse solitário explorador das estrelas, lhe forçando a enxergar muito do que viveu até ali, agora, distante de tudo.
Ao mesmo tempo que parece indulgente, o aracnídeo o confronta sobre seus conflitos e aflições sendo tudo o que a passiva equipe da central de comando na Terra, não é. Através dele, fica claro que, na falta de palavras para descrever, o que resta é experimentar para alcançar a compreensão.
O Astronauta é uma das estreias da Netflix do mês de março. Com os olhos voltados para o espaço, o longa-metragem é introspectivo e sem brecha para explosões e tentativas de acomodar o som onde ele não cabe. Uma análise bela sobre não existir lugar para a culpa quando se tenta entender que o universo é como deveria ser.