
Temática recorrente no trabalho da artista Lígia Teixeira, o universo feminino e seus questionamentos e representações sociais estão sendo apresentados no Rio de Janeiro na exposição “Confinadas”, com curadoria de Osvaldo Carvalho. Este trabalho de Lígia foi um dos três selecionados – entre 300 inscritos -, no 6º Programa de Seleção da Piccola Galleria, que ela apresentou na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, no ano passado. Para a mostra que será inaugura dia 8, no Centro Cultural Correios, foram desenvolvidas mais algumas novas séries abordando o etarismo, bem como questões de raça e gênero, ilustradas por noivas negras e trans, entre outras obras, totalizando cerca de 50 pinturas em pequenos formatos e uma única tela em grande formato. Há também uma série intitulada “Caladas”, onde mulheres mascaradas fazem alusão à dificuldade que ainda existe no poder de fala feminino na sociedade.
“A exposição é uma viagem introspectiva”
Iniciadas na pandemia, “Confinadas”, em clara alusão ao momento daquela época, revelam personagens femininas solitárias, enclausuradas na maior parte das vezes em seus ambientes domésticos, e que no seu sentido mais amplo, servem como metáfora para se discutir o silenciamento e o apagamento das mulheres ao longo dos séculos. Elas figuram, por exemplo, em cenas inusitadas, como em um banho na pia da cozinha, observando uma panela em chamas ou simplesmente de costas, olhando uma parede atrás do sofá. Segundo a artista, a atmosfera minimalista da mostra é proposital, bem como os elementos desconexos e ambíguos presentes em muitas pinturas, a fim de instigar e provocar um estranhamento no espectador.