
No início do mês de julho, o Instituto Cervantes do Rio de Janeiro recebe presencialmente a primeira incursão do projeto “Laboratório afrodiaspórico de memória, criação e patrimonio”. Trata-se de uma residência artística multidisciplinar, relacionada à área de memória museal afro, entre Espanha, Colômbia, República Dominicana e Brasil. A ideia desse projeto nasceu a partir da série cultural “Espanha Afro”, idealizada no ano passado pela gestora cultural do Instituto Cervantes RJ, Aline Pereira da Encarnação. Em sua estreia, o projeto – que será realizado anualmente e pretende somar outros países do universo hispano em suas próximas edições -, foi idealizado pelo Centro Cultural Espacio Afro (Madri), em coorganização com o Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, a Embaixada da Espanha, o MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Brasil) e do Projeto Museu Afro da Colômbia – Museu Nacional. O evento conta com a coordenação de Yeison García, presidente do Centro Cultural Espacio Afro, curador museal e ativista afro-colombiano e afro-espanhol, graduado em Ciências Políticas e Mestre em Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais. Para tornar-se possível, também contou com o financiamento do PICE – Programa para a Internacionalização da Cultura Espanhola e da AECID – Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.
O grupo de convidados do Brasil, Colômbia e Espanha terá uma agenda fechada em diferentes instituições e territórios de alta relevância no Rio de Janeiro, como o MUHCAB, o Instituto Pretos Novos, o Quilombo Camorim, o Museu Nacional e o Museu de Arte do Rio. No dia 9 de julho, às 19 h, haverá um evento com a participação de todos eles: do Rio de Janeiro, o projeto contará com Maíra Oliveira (roteirista, dramaturga, escritora e educadora) e Michele de Barcelos Agostinho (historiadora do Museu Nacional da UFRJ); de Bogotá, estarão Laura Daniela Rivera (feminista afrodiaspórica, antropóloga e pesquisadora) e Luis Martelo (ativista, pedagogo e pesquisador); e de Madri o projeto traz Esther Ortega (doutora em Filosofia da Ciência e Mestre em Teoria Feminista), além de José Ramón Hernández (artista interdisciplinar afrocubano, curador, docente e gestor cultural). A atividade será aberta ao público para interação e troca de impressões sobre suas experiência no laboratório, com a presença do coordenador Yeison García.
Yeison García (foto), coordenador do projeto, fala sobre o evento do dia 9 de julho, que será aberto ao público e acontecerá no auditório do Instituto Cervantes em Botafogo:
“O ‘Laboratório afrodiaspórico de memória, criação e patrimônio’ se propõe a criar alianças entre comunidades, criadores, instituições e organizações afrocentradas no Brasil, na Espanha, na República Dominicana e na Colômbia e para imaginar rotas que conectem projetos, processos e ecossistemas culturais por meio da construção de uma rede para a circulação de conhecimento entre as diásporas afro do Rio de Janeiro, Madri, Bogotá- Palenque de San Basilio e Santo Domingo. Esse processo de cimarronaje (termo derivado da palavra cimarrón, que se refere a qualquer pessoa escravizada rebelde ou fugitiva que levasse uma vida de liberdade em recantos isolados das cidades ou no campo), decorre da urgência de refletir sobre estratégias contemporâneas de reivindicação, de gerar processos de pertencimento e identificação, de produção e conservação de nosso patrimônio cultural. A abertura desse caminho implica uma redefinição comunitária do papel das práticas artísticas na construção de espaços de memória e ancestralidade”.