
Estreou o ballet La Fille Mal Gardée no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ).
La Fille Mal Gardée é um ballet cômico apresentado em dois atos. O espetáculo é realizado pelo ballet e Orquestra Sinfônica do TMRJ. A música é de Ferdinand Hérold. O libreto e a coreografia original é de Jean Dauberval. A concepção e coreografia é de Ricardo Alfonso. O regente é Silvio Viegas. A supervisão artística é de Helio Bejani, e Jorge Teixeira. A direção geral é de Hélio Bejani. E a direção artística do TMRJ é de Eric Herrero.
A versão original do ballet é do ano de 1789, ano da Revolução Francesa. Contudo o mesmo foi remontado por diversas outras vezes.
O ballet tem como enredo o desejo de Simone, uma viúva, de casar sua filha Lise com Alain, um bobalhão nada atraente, mas muito rico. Ele é filho de Thomas, um aristocrata, que é o dono de um vinhedo. Contudo, Lise está apaixonada por Collas, um camponês.
O bailarino Edifranc Alves fez uma viúva Simone engraçada, jocosa, que mantem um olhar vigilante sobre a filha. Não quer que ela se case, de forma alguma, com o camponês Collas. Simone está burlesca!
O casal Lise e Collas são interpretados pelos primeiros bailarinos Marcia Jaqueline e Cícero Gomes. Os dois são “prata da casa”. Eles tem o mérito de terem sido formados pela Escola Estadual Maria Olenewa do TMRJ, e hoje integram o corpo estável de baile do ballet do Theatro.
Márcia Jaqueline faz uma Lise meiga, graciosa, apaixonada por Collas. E faz de tudo para tê-lo sempre ao seu lado.
Por sua vez, Cicero Gomes faz um Collas, o humilde camponês, também apaixonado por Lise, e quer retribuir o seu amor.
Os dois passam por cada situação! Tudo vale pelo amor.
Márcia e Cícero estão perfeitos. Eles apresentam uma técnica notável, mas também transmitem emoção. Eles narram por meio do seu bailar uma história. E deixam transparecer as características dos seus personagens.
O primeiro ato apresenta uma cena rural, a fazenda com a casa de Simone e Lise. Aparece o estábulo, com galinhas, galos e pintinhos; ao fundo, uma vista panorâmica daquele universo rural.
No primeiro ato se dá a apresentação da trama e dos personagens.
Lise e Collas dançam um bonito pas de deux com a fita.
Irrompe em cena os camponeses, ceifadores e coletoras.
Simone recebe o aristocrata Thomas, e seu filho, Alain, interpretado pelo bailarino Luiz Paulo.
Luiz Paulo faz um filho abobado. Utiliza Lupa e cesto para pegar borboletas. Brinca de pipa como uma criança.
Ao longo do primeiro ato, aparece um painel com a vista panorâmica da fazenda.
Observamos a bem executada dança dos camponeses.
O primeiro ato termina com uma forte tempestade.
O segundo ato mantem o mesmo cenário do primeiro.
Simone e Lise retornam para a fazenda.
Os camponeses retornam com a colheita. E escondido no meio dela está Collas. Diversas danças camponesas são apresentadas.
Lise esconde Collas dentro da casa
Simone recebe Thomas e o abobado do seu filho. Logo aparece o notário para fazer o contrato do casamento. E, uma vez formalizado, Simone deu a chave da casa para Alain. Ao abrir a porta, ele teve uma surpresa: se deparou com Lise vestida de noiva junto a Collas.
Não teve jeito! Simone contrariada aceitou o casamento!
A celebração matrimonial foi comemorada com uma grande festa, danças camponesas, e o pas de deux dos noivos pela comemoração do casamento.
Ao final, o abobado Alain continuava brincando com a sua pipa. E seu pai se apresenta muito irado!
O espetáculo é bonito, apresenta uma montagem consistente e bem estruturada, e um elenco de bailarinos de primeiro nível, com expressões faciais que evidenciam seus personagens, fruto da adaptação de Ricardo Alfonso, e que dançam esbanjando técnica e emoção, marca dos ballets dirigidos por Hélio Bejani.
O conjunto de figurinos criado por Tania Agra é de extremo bom gosto, e são adequados ao contexto do século XVIII. Excelente reconstituição de época! O conjunto de camponeses, os figurinos dos galos, galinhas e pintinhos, e o figurino de Simone (este por expressar comicidade) ganham destaque.
A cenografia produzida por Manoel dos Santos nos apresenta uma bela cena rural, a reconstituição da fazenda da viúva Simone.
A iluminação de Paulo Ornellas é bonita, e realça as diversas cenas do espetáculo apresentadas pelos bailarinos.
Reafirmamos a importância do espetáculo de balé ser acompanhado por uma orquestra, no caso a Orquestra Sinfônica do TMRJ sob a regência de Silvio Viegas. Este último comandou de forma segura e absoluta o conjunto de músicos, nos brindando assim com uma música de pura emoção. Portanto, excelente o casamento da orquestra com o corpo de baile.
La Fille Mal Gardée é um ballet cômico, encenado por bailarinos de excelente qualidade; figurinos e cenografia de bom gosto e criativos; e uma orquestra de qualidade regida por um regente notável.
Excelente produção de ballet!