
Meu entrevistado essa semana é o empresário do ramo de bebidas e embaixador de turismo do Rio de Janeiro, Carlos Lyra. Nascido em Pernambuco ele veio muito jovem para o Rio de Janeiro onde construiu família e uma carreira sólida no mercado financeiro. Hoje se orgulha de ser cidadão carioca, Embaixador do Turismo e empresário produtor de uma cachaça a base de cannabis. Confira como foi nosso bate-papo.
JP – Nos fale um pouco sobre sua vida e seu interesse por bebidas destiladas.
Eu cheguei no Rio muito jovem, com 18 anos, sou natural de Pernambuco e hoje sou um cidadão carioca, porque já tive o prazer de ganhar esse título.
Me dediquei a uma vida profissional no Rio de Janeiro, na área do mercado financeiro, e com isso eu vivi muitos anos, casei, construí família, tive um filho, hoje tenho linda neta, tive muita sorte na vida, porque deus me favoreceu muito, me deu muita saúde e consigo selecionar, fazer só as coisas que tenho vontade, isso é um privilégio.
A bebida destilada eu conheci muito jovem com 11 anos, lá em Recife, e nunca mais abandonei, porque
é uma bebida genuinamente brasileira, e fui me interessando em conhecer a história da cachaça, e sempre trabalhando, mas sempre tendo a cachaça como hobby, e falando com esse universo, que é um universo muito grande dos produtores de cachaça.
JP – Como ocorreu sua nomeação como embaixador do Turismo do Rio?
Em 2015 resolvi ser empresário da noite, então, naquela época a cachaça completava uma primavera de 500 anos, eu fiquei muito entusiasmado com aquilo, e me sentindo na obrigação
de deixar registrada essa data de 500 anos, principalmente porque o governo não fez manifestação nenhuma manifestação para comemorar esses 500 anos, aí isso me deu mais ânimo ainda para levar à frente essa ideia de ser empresário da noite, nunca tinha exercido essa função.
Escolhi o bairro mais boêmio que o Rio de Janeiro tem, a Lapa, e com o projeto de trazer uma atividade rural para um local urbano, então a gente colocou dentro do Cachaça Social Club um verdadeiro Alambique Urbano, onde a gente conseguia demonstrar todo o procedimento para se produzir uma cachaça, Desde a moagem da cana até o processo final e fomos o primeiro bar temático da cachaça na cidade do Rio de Janeiro com mais de 200 rótulos disponíveis.
Com as minhas idas e vindas para fora do Brasil, fui identificando que havia muita curiosidade, principalmente dos jovens, de conhecer a história da cachaça e me dediquei a difundir isto a todos.
Os turistas vinham ao Bar em grupos de 20, 25, não mais do que isso, e permaneciam ali por uma hora, uma hora e meia, Eu abria a casa às 18 horas e fechava às 5 da manhã e seguimos com sucesso até a pandemia em 2020.
A gente recebia por ano, em média, uns 70 turistas dos 70 países do planeta e com isso, eu me aproximei demais das necessidades que os turistas tinham para sair do Brasil com uma boa impressão, com uma boa recordação, fora da beleza natural. Então, eu fui conhecendo os guias de turismo e me tornei amigo do Arnaldo Bixucha, que era o presidente da Associação dos Guias de Turismo.
Foi uma surpresa tão agradável ser nomeado embaixador, fiquei muito feliz quando recebi esse convite. Eu acredito que essa nomeação foi fruto do trabalho que foi realizado nesses anos que eu passei como empresário da noite.
Porque ali eu tive a oportunidade de prestar um bom serviço para a minha cidade, prestar um bom serviço para o Brasil, prestar um bom serviço para a cachaça, porque eu recebia pessoas do mundo inteiro.
Até hoje eu não posso confirmar a responsabilidade minha indicação. Suspeito que tenho pelo menos três amigos meus que quando me visitavam me chamavam de embaixador do turismo, então, isso terminou se materializando. Eu sou muito feliz e tenho muito orgulho de ser embaixador do turismo.
Faço parte da Associação dos Embaixadores. O Bayard é uma grande referência, com essa capacidade incrível de doação do conhecimento dele, um homem que conhece mais de 200 países do mundo, é um mochileiro de marca maior.
JP – Sua grande novidade é uma cachaça a base de cannabis. O que o levou a tal lançamento ?
A cachaça Hemp surgiu da necessidade de ampliar uma experiência pessoal.
Eu quando completei 70 anos, eu passei a sofrer de fibromialgia, e num momento de crise, o meu médico perguntou se eu tinha alguma resistência para me tratar com cannabis. E iniciamos o tratamento que foi um sucesso.
Em seguida, fui fazer um curso pela Fundação Fiesp, em São Paulo e após quatro meses, tive mais certeza ainda, saí mais confiante ainda, que a HEMP seria um grande sucesso.
Investi em consultorias, fiz muita pesquisa e ficou claro que a cachaça seria uma boa ferramenta para juntar os 2 produtos e criar um grande debate.
Porque a cachaça também sofre preconceito como a cannabis sofre.
A cachaça é centenária, mas cannabis é milenar. Eu achei que a mesa do bairro é o lugar mais democrático que existe,
Porque na mesa do bairro, a gente pode dizer que a pessoa é feia, que é bonita.
Pode ser reclamar de tudo.
Então, eu digo, vamos criar uma cachaça de forma que permita que esse cenário,
Não vou dizer de discussão, mas de debate, venha pra mesa do bairro.
Então, pra fazer tudo de forma correta, a gente não podia fazer a infusão da cannabis junto com a cachaça tivemos que identificar os terpenos, selecionar os 7 melhores e nos juntarmos com o tradicional Alambique do Leley, para após quase 2 anos de muito trabalho, hoje a HEMP é uma realidade e já está a venda, totalmente legalizada, em todo Brasil.
JP – Há algum preconceito por parte do público?
Muito! O preconceito não tem noção do mal que ele faz e ele existe não só por parte de quem precisa de ajuda
Mas existe também o preconceito por parte de quem tem ajuda para oferecer, que são os médicos. Esse preconceito dificulta a decisão da família em iniciar o tratamento com cannabis medicinal e isso é lamentável.
Eu sou um homem de fé e de esperança.
Fé e esperança são dois sentimentos imortais, E o preconceito não é e certamente estarei vivo para ver este preconceito morrer. Vamos criar uma voz, O governo vai regulamentar E todo mundo vai ter informação da importância que é a cannabis medicinal em nossas vidas.
Na maioria dos países do mundo isso já é uma realidade, e com a chegada da HEMP vamos acelerar esse debate e em breve, o Brasil também chegara a sua maturidade neste assunto.
JP – Novas bebidas estão para ser lançadas ?
Olha, essa pergunta é muito interessante. Se novas bebidas estão para ser lançadas. A gente tem uma projetos em várias áreas, inclusive novas bebidas, mas a cannabis e a fórmula que foi desenvolvida, ela tem uma grandeza enorme de possibilidades e que a gente tem praticamente, a partir do ano que vem, dois lançamentos para fazer por ano de produtos com a presença do cannabis medicinal através de terpenos.
E quando o governo liberar para fazer a infusão da planta, a gente também já está pronto para fazer a infusão da cannabis nos próximos produtos no futuro. Tem vários lançamentos para a gente oferecer para o público com a presença do cannabis, mas num momento com terpenos, sem presença do THC e do CBD.
JP – Como avalia o Rio turístico?
É muito fácil a gente se apaixonar por essa cidade, não é? O rio com essa moldura natural, essas montanhas, o mar, lagoas naturais e balneários como angra, búzios e ainda a bela região serrana, é o único país do mundo que tem uma floresta no centro da cidade, aterro do Flamengo no centro da cidade.
Eu acho que o único concorrente do Rio de Janeiro é Paris, não me lembro de ter outra cidade que possa concorrer com nossa cidade maravilhosa.
JP – Quais são as sugestões que oferece para o turismo na cidade?
Eu trabalhei nessa época que eu fui empresário da noite e tive a oportunidade de conversar com turistas do mundo inteiro. O turista, ele chega no Rio de Janeiro, se deslumbra, se apaixona e ele sente falta de coisas que eu vou grifar agora, porque isso foram coisas que eu ouvi diretamente dos turistas com quem conversei.
Outro problema é atendimento. O atendimento nosso é muito comprometido pela má qualidade, principalmente se comparar com São Paulo.
Mas o grande problema é a segurança.
Todo turismo requer esses dois pilares:
Atendimento e segurança. A cidade não tem isso.
Mas eu acredito que a gente está caminhando para ter suprida essas lacunas fundamentais.
Eu tenho contato quase diariamente com turistas, internos como turistas externos. A reclamação do turismo é a gente melhorar o atendimento.
A cidade precisa estar limpa. Precisamos ter uma cidade em condições de receber, com cartão de visita que impressione e a pessoa volte para o seu país com vontade de voltar.
Agora a gente tem a chance, de ter uma pessoa que entende de turismo e sabe das necessidades do turismo: é uma pré-candidata, a ocupar um cargo no governo do Estado que é a nossa presidente Viviane, e eu estou torcendo aqui que ela ocupe essa cadeira, porque aí a gente passa a ter uma voz do turismo lá dentro, e ela vai ser uma porta-voz fundamental para nos representar e representar nossa cidade.
Ela não sabe, mas eu sou embaixador da campanha dela. Ela precisa estar sentada na cadeira para nos representar.
JP – Tem alguma referência no Turismo que acredita que esteja no bom caminho?
Essa resposta é fácil porque tudo que precisa no turismo é investimento.
Temos que focar e fazer com que o governo federal, o governo estadual, o governo municipal olhem com mais carinho aos projetos que existem. Nós temos capacidade de apresentar projetos de qualidade, que vão elevar toda a cidade a um patamar superior.
Não podemos ficar só apresentando Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Princesinha do Mar, isso é muito pouco, porque temos muito mais. Está na hora de aparecer verba para que a gente possa materializar todos esses 5 turismo trabalha com o coração e eles sabem exatamente as necessidades, mas não se faz nada que não tenha a presença do amor como combustível.
Para materializar as necessidades, precisa das verbas dos governos.
Finalizo agradecendo o convite para a entrevista e espero continuar atuando como embaixador do turismo e através da idealização da HEMP, ajudar a transformar o Rio de Janeiro em todo seu potencial de beleza e turismo da maneira que ele merece.