
Minha convidada se divide em mil e uma atividades. Ela é atriz, cantora, diretora, coreógrafa, dançarina, escritora, pesquisadora e produtora em cultura popular afro-brasileira. Conversei animadamente com Flávia Souza que falou da criação do Grupo Afrolaje, de sua formação cultural, de como é ser negro no Brasil e de ancestralidade. Bate-papo maravilhoso.
JP – Olá Flávia! Quando você começou a se interessar pela dança?
Como se deu a sua formação?
Desde criança, sempre fui animação das festas e abria as pistas com minha irmã Fabiana Souza. Fiz vários cursos, entrei na Universidade da Cidade e depois na UFRJ, me formando bacharela lá.
JP – No espetáculo A Menina Dança, você teve uma atuação central. Como surgiu o projeto? Qual é a importância da personagem histórica Maria Felipa?
Recebi o convite para direção e coreografia, fiz adaptação do roteiro para uma linguagem antirracista. Priorizei trabalhar as danças populares de matriz afro como jongo, coco, cacuriá, samba de roda….
Maria Felipa, nossa grande heroína que teve seu apagamento histórico por conta do racismo, se destacou como uma figura importante na resistência de Itaparica. Além de utilizar seu conhecimento sobre as águas e florestas da região para abastecer aqueles que combatiam as tropas portuguesas, Maria Felipa também teria organizado trincheiras na ilha e liderado o incêndio de navios portugueses.
Felipa era a líder de um grupo de mulheres conhecido como Vedeta.
Maria Felipa, nossa grande heroína que teve seu apagamento histórico por conta do racismo, se destacou como uma figura importante na resistência de Itaparica. Além de utilizar seu conhecimento sobre as águas e florestas da região para abastecer aqueles que combatiam as tropas portuguesas, Maria Felipa também teria organizado trincheiras na ilha e liderado o incêndio de navios portugueses.
Felipa era a líder de um grupo de mulheres conhecido como Vedeta.
JP – Como você associa arte e ativismo político cultural?
Eu atuo nos dois. Neste sentido é preciso aproveitar as ferramentas da arte, e ludicidade pra informar, formar opiniões e levar lucidez à realidade em que vivemos.
JP – Como se deu a sua inserção e participação no movimento Hip Hop?
Na dança, comecei com o grupo Negresoul a montar coreografias e a participar de concursos de B.girls e danças coreografadas. Ganhamos quase todas as etapas e nos destacamos, sendo um dos primeiros grupos a participar de uma campanha publicitária em rede nacional.
JP – Você idealizou e coordena o Grupo Afrolaje. Quando foi criado? Quem são os seus fundadores?
O Grupo foi criado em abril de 2012, por mim, Ivan Karu, Fabiana Souza, Wagner Lucio, Dayse Gomis, Marcelo, Simone e Aninha Dantas. Em seguida vieram Daniella Gomes, Paulo Sorriso, Laysa Griot, Bruno e por aí vai…
Quais são os seus propósitos? Continuar o legado da nossa cultura ancestral, expandir a nossa roda, realizar o projeto Memória Ancestral que tem a participação direta de mais de 20 mestres e mestras. Sua primeira edição aconteceu de forma on line e, agora, queremos realiza-la presencialmente. Outro objetivo é expandir a nova criação ‘Versos Alados’ com rimas do hip hop no toque do jongo, uma proposta minha a ser realizada com o Afrolaje. É a primeira vez que temos a fusão do Jongo com Hip Hop.
Quais são as suas atividades? Nossa roda Afrolaje Cultural Agregar e Resistir, sendo o jongo nosso carro chefe, mas que inclui também Capoeira Angola coordenada por Ivan Karu, com supervisão do mestre Eudes, samba de roda em parceria com Isokan Ligeiro, além de grupos convidados. Sempre no último domingo do mês, realizamos nossa roda na praça Agripino Grieco, no Méier. Mas as rodas acontecem, igualmente, em outras localidades e eventos, assim como oficinas, mesas de diálogos e por aí vai.
Quais são os seus propósitos? Continuar o legado da nossa cultura ancestral, expandir a nossa roda, realizar o projeto Memória Ancestral que tem a participação direta de mais de 20 mestres e mestras. Sua primeira edição aconteceu de forma on line e, agora, queremos realiza-la presencialmente. Outro objetivo é expandir a nova criação ‘Versos Alados’ com rimas do hip hop no toque do jongo, uma proposta minha a ser realizada com o Afrolaje. É a primeira vez que temos a fusão do Jongo com Hip Hop.
Quais são as suas atividades? Nossa roda Afrolaje Cultural Agregar e Resistir, sendo o jongo nosso carro chefe, mas que inclui também Capoeira Angola coordenada por Ivan Karu, com supervisão do mestre Eudes, samba de roda em parceria com Isokan Ligeiro, além de grupos convidados. Sempre no último domingo do mês, realizamos nossa roda na praça Agripino Grieco, no Méier. Mas as rodas acontecem, igualmente, em outras localidades e eventos, assim como oficinas, mesas de diálogos e por aí vai.
JP – O que é ser negro no Brasil?
Difícil! É saber que tudo foi construído com trabalho escravizado e, até os dias de hoje, nada temos e, ainda, precisamos ficar o tempo todo provando, brigando e correndo na frente.
JP – De que forma você busca através do seu trabalho cultural preservar as ancestralidades afro-brasileiras?
Através do jongo, da capoeira angola, do samba de roda no Afrolaje, resistindo e agregando pra que a nossa identidade cultural não morra, pois este legado é a única herança que nos deixaram no corpo e na memória ancestral que passo aos meus e minhas para que repassem um dia, também. E espero ser lembrada por isso. Já ensinei jongo pra mais de 5 mil pessoas, muito mais… Mas as pessoas, hoje em dia, estão desmemoriadas, que pena! Até hoje lembro dos meus primeiros passos do jongo com Mestre Darcy.
JP – Quais são os seus projetos futuros?
Estou no Ministério das Mulheres com o primeiro Fórum de mulheres do Hip Hop e quero fazer campanhas audiovisuais. Quero concluir meu documentário sobre o Hip Hop. Também tenho o projeto da fusão de jongo com hip hop – um evento de batalha de rima, onde a pessoa tem que rimar em cima do toque do jongo, algo totalmente novo! E quero convites pra fazer novelas. Sou uma atriz experiente e quem sabe….