
Por Mauro Magalhães – Ex-deputado e empresário.
No dia 20 de dezembro de 1979, há 44 anos atrás, foi extinto o bipartidarismo , no Brasil, e, além da Arena, que foi o partido escolhido pelos políticos que decidiram apoiar a deposição de João Goulart e o regime militar, a partir de abril de 1964, também acabou a sigla MDB, partido ao qual eu fui filiado, depois de ter sido o líder da UDN na Assembleia Legislativa, durante o governo de Carlos Lacerda.
O extinto MDB voltou a existir, depois de sua extinção, em 1979, mas, mesmo com muitas semelhanças, jamais foi igual ao MDB criado em 1966, para abrigar aqueles que discordavam do governo.
O MDB fundado em 24 de março de 1966 ( dois dias depois do meu aniversário, que é dia 26 de março) abrigou políticos que atuaram, antes de 1964, nos antigos PSD e PTB de Getúlio Vargas e na velha UDN, de Magalhães Pinto, Carlos Lacerda, entre outros.
O MDB fez oposição ao governo militar e à Arena, Aliança Renovadora Nacional.
Organizado no final do ano de 1965, o MDB abrigou, além de políticos varguistas, juscelinistas e janguistas, os lacerdistas descontentes com o Marechal e presidente Carlos Castelo Branco.
Ao contrário do que algumas lideranças da UDN prometeram, quando depuseram João Goulart , em 1964, Castelo Branco não cumpriu com a palavra e não restabeleceu as eleições diretas, em 1965.
Os candidatos às eleições presidenciais, em 1965, eram os meus amigos Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.
Eu já era amigo de Lacerda, em 1965, fui líder de seu governo, na Assembleia Legislativa.
Lacerda me influenciou a entrar no MDB. Todos os udenistas que entraram no MDB fizeram isso a pedido de Carlos Lacerda .
Lacerda queria ser presidente da República. Esse era o sonho dele.
Quando Castelo Branco deixou de restabelecer as diretas, Carlos Lacerda reuniu seus amigos e se aliou ao inesquecível Juscelino Kubitschek e, depois, a João Goulart, para lançar o movimento A Frente Ampla.
O MDB teve muita importância na formação da Frente Ampla, entre Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, a partir de 1966.
Quando eu conheci Juscelino Kubitschek, depois da Frente Ampla, ouvi histórias ótimas dele sobre o MDB fundado em 1966 e extinto em 1979.
Juscelino Kubitschek, infelizmente, morreu em 1976, naquele trágico acidente de carro, na Via Dutra, e não estava vivo quando acabou o bipartidarismo, em 1979.
O Movimento Democrático Brasileiro, no início, tinha poucos filiados, em relação ao número do partido da situação, a Arena.
Entre as lideranças políticas que tinham vindo dos antigos PSD e PTB de Getúlio Vargas, destacaram-se, no MDB de 1966, o doutor Ulysses Guimarães e o presidente eleito em 1985, Tancredo Neves.
O MDB abrigou, além de políticos do PSD, PTB e UDN, lideranças socialistas e de centro.
Entre os políticos ligados a Carlos Lacerda, foram eleitos pelo MDB, para o Senado, em 1966, o senador Mário Martins, entre outros, inclusive eu , que fui reeleito como deputado estadual.
O primeiro presidente do MDB fundado em 1966, foi o senador Oscar Passos.
Nos governos de Costa e Silva e do general Médici, o MDB sofreu muitas perdas.
Desde a decretação do Ato Institucional número 5, em dezembro de 1968, muitos políticos foram cassados. Inclusive eu, que recebi a notícia da perda de meus direitos políticos, em abril de 1969.
Aqui no Rio, o MDB de 1966 elegeu, no Rio de Janeiro, o ex-governador Chagas Freitas , em 1970.
Em São Paulo, o MDB também cresceu . Lá, destacaram-se Franco Montoro , entre outros.
Os emedebistas do MDB criado em 1966 decidiram disputar a eleição direta, pelo Colégio Eleitoral, na convenção de 1974, e Ulysses Guimarães foi indicado como o “anticandidato ” à presidência da República, junto com o grande jornalista Barbosa Lima Sobrinho, candidato a vice.
Mas, nessa eleição indireta foram homologados os nomes do General Geisel, para presidente da República, em substituição ao General Medici, e do Almirante Adalberto Pereira dos Santos, a vice-presidente.
Nessas eleições de 1974, o MDB elegeu Orestes Quercia como senador, em São Paulo, Marcos Freire, em Pernambuco, Paulo Brossard, no Rio Grande do Sul, Saturnino Braga, no Rio de Janeiro, entre outras lideranças.
Graças ao empenho do MDB fundado em 1966, a redemocratização no Brasil passou a acontecer, em 1979, quando o presidente Figueiredo decretou a Anistia, em 1979, e permitiu a volta dos exilados e a reintegração dos políticos cassados, à vida democrática.
Quando chegou o sistema pluripartidario, surgiu, no lugar do MDB criado em 1966, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro. E, vieram, também, o PDS, o PFL, o PDT, o PT, o PTB, entre outras siglas.