
Nos últimos anos, os procedimentos estéticos invasivos têm ganhado popularidade, especialmente entre celebridades e influenciadores digitais, que frequentemente compartilham suas experiências nas redes sociais.
Nesta terça-feira, 5, a influencer Kamila Simioni, ex-participante de “A Fazenda”, surpreendeu seus seguidores ao mostrar o resultado de um novo procedimento realizado em São Paulo.
O que chamou a atenção, além da mudança estética, foi o processo pós-procedimento, com Kamila mostrando um rosto e lábios inchados logo após a harmonização facial.
Em um vídeo compartilhado com seus seguidores, Kamila afirmou, de forma descontraída, que “para ficar bom, tem que ficar ruim primeiro”, explicando que o inchaço é uma fase natural do procedimento, que envolve a remoção dos excessos de preenchimento com ácido hialurônico, tanto no rosto quanto nos lábios.
A influencer também compartilhou a explicação de seu especialista, que detalhou o processo de correção, destacando que a remoção de excesso de preenchedores pode gerar um desconforto temporário, mas é necessária para alcançar um resultado mais harmonioso.
Apesar de ser uma prática cada vez mais comum, a realização de procedimentos invasivos, como a harmonização facial, exige muita cautela. Os riscos de complicações, bem como a busca incessante por um ideal de beleza, têm se tornado um assunto importante entre especialistas.
A dermatologista Priscilla Sarlos, da clínica Les Peaux analisou o caso. Confira!
JP – Quais são os cuidados essenciais que devem ser tomados ao realizar um procedimento estético invasivo em uma clínica?
Ao realizar um procedimento estético em uma clínica, alguns cuidados essenciais devem ser seguidos para garantir a segurança e a eficácia do tratamento. O primeiro passo é verificar se o profissional é qualificado e certificado, com experiência específica no procedimento desejado. Para isso, você pode consultar o site da Sociedade Brasileira de Dermatologia ou da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que oferecem listas de profissionais credenciados por cidade.
Em seguida, procure saber a experiência de outras pessoas que já realizaram o mesmo procedimento com esse profissional. Busque referências confiáveis, seja de amigos, familiares ou avaliações online, para entender a qualidade do atendimento e dos resultados.
Além disso, é imprescindível que o profissional seja transparente sobre todos os aspectos do tratamento, como os produtos utilizados. Solicite informações sobre os materiais, como o número do lote e a data de validade, e verifique se são de boa procedência. A transparência e a comunicação clara são fundamentais para que você se sinta seguro durante todo o processo.
Portanto, a combinação de um profissional qualificado, com boas referências e que adote práticas de transparência e segurança, é essencial para garantir um procedimento estético bem-sucedido e sem riscos.
JP – Até que ponto a busca pelo “rosto perfeito” pode levar as pessoas a cometerem excessos, muitas vezes sem perceberem? Como os profissionais podem ajudar a evitar isso?
A busca pelo “rosto perfeito” pode, de fato, levar muitas pessoas a cometerem excessos, muitas vezes sem perceberem. Isso ocorre, em parte, devido à pressão social e à constante comparação com padrões de beleza muitas vezes irreais ou inatingíveis. O desejo de melhorar a aparência pode se transformar em uma obsessão, levando os pacientes a buscar procedimentos repetidamente ou a realizar tratamentos inadequados para seu tipo de rosto ou características pessoais.
Os profissionais têm um papel crucial em evitar esses excessos. Além de acolherem a queixa do paciente com empatia e compreensão, é fundamental que realizem uma avaliação minuciosa e individualizada. Cada rosto é único, e não há uma “receita de bolo” que sirva para todos. O profissional deve usar seu conhecimento técnico para indicar o tratamento mais adequado para cada caso, levando em consideração as proporções naturais do rosto, as expectativas do paciente e os riscos envolvidos.
Além disso, o médico deve agir como um orientador, ajudando o paciente a entender as limitações de certos procedimentos e os resultados realistas. A educação e a comunicação aberta durante a consulta são essenciais para evitar que o paciente tome decisões impulsivas ou se deixe influenciar por modismos. Em última análise, a responsabilidade do profissional é garantir que o paciente se sinta bem consigo mesmo, sem recorrer a tratamentos que possam prejudicar sua saúde ou resultar em resultados indesejados.
Por último, não se esqueça. O rosto perfeito já existe: é o seu! Somos perfeitos nas nossas imperfeições! Os procedimentos são aliados para observarmos a NOSSA beleza real, individual e que faz cada um de nós ÚNICOS!
JP – Quais são os riscos e complicações associadas à remoção de excessos de preenchedores faciais, como o ácido hialurônico?
A remoção de excessos de preenchedores faciais, como o ácido hialurônico, é realizada com a aplicação de hialuronidase, uma enzima que degrada o ácido hialurônico. Embora seja um procedimento seguro quando feito corretamente, ele não está isento de riscos e complicações.
O principal risco associado ao uso de hialuronidase é a possibilidade de uma reação alérgica grave, como a anafilaxia, que pode ser potencialmente fatal. Embora esse tipo de reação seja rara, é fundamental que o procedimento seja feito por um profissional qualificado, que saiba como identificar e tratar qualquer reação adversa rapidamente.
Outras complicações podem incluir assimetrias faciais, caso a remoção não seja precisa ou se houver a dissolução desigual do preenchedor. Em alguns casos, a remoção excessiva pode causar uma aparência de flacidez ou perda de volume na região tratada, o que pode exigir novos ajustes estéticos.
Por isso, é essencial que a remoção de preenchedores seja feita com cuidado e acompanhamento adequado, sempre com um profissional experiente que saiba avaliar a necessidade de correção e gerenciar possíveis efeitos adversos. A comunicação clara entre paciente e profissional também é crucial para garantir um resultado satisfatório e seguro.
JP – Como escolher um profissional capacitado e ético para realizar esses tipos de procedimentos? Quais sinais indicam que um especialista pode não ser confiável?
Para escolher um profissional capacitado e ético para realizar procedimentos estéticos, é fundamental buscar aqueles que são membros de entidades reconhecidas, como a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) ou a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Além disso, é importante observar alguns sinais que podem indicar que o especialista não é confiável. Desconfie de profissionais que não oferecem transparência no processo, como não explicar detalhadamente os procedimentos, os riscos envolvidos e as expectativas realistas. Outro alerta são os preços muito abaixo do valor de mercado, o que pode indicar a utilização de produtos de qualidade inferior ou a falta de qualificação. Também é fundamental ter cuidado com promessas milagrosas, como resultados irreais ou garantias de efeitos instantâneos, pois isso pode indicar um comportamento antiético ou até mesmo fraudulentos.
Em resumo, a escolha de um profissional qualificado e ético deve ser baseada na credibilidade, na transparência e na comunicação clara, além da verificação de sua formação e experiência comprovada. Nunca hesite em pedir referências ou fazer perguntas detalhadas sobre o procedimento, o que demonstra um compromisso com sua segurança e bem-estar.
JP – Os resultados imediatos de procedimentos estéticos, como o inchaço pós-harmonização facial, devem ser levados em consideração ao planejar um procedimento, ou a paciência do paciente é ignorada em prol de resultados rápidos?
Sim, os resultados imediatos, como o inchaço pós-harmonização facial, devem ser cuidadosamente considerados ao planejar um procedimento estético. Embora muitos pacientes busquem resultados rápidos, é fundamental que a paciência e as expectativas realistas sejam levadas em conta, pois o processo de recuperação pode variar bastante de pessoa para pessoa.
O inchaço pós-procedimento, ou edema, pode ser influenciado por diversos fatores. Primeiramente, existem diferentes tipos de géis de ácido hialurônico no mercado, cada um com características físicas distintas, como o “swelling factor” (fator de inchaço), que se refere à capacidade do gel de reter água. Além disso, a tendência de inchar também varia de acordo com as características individuais do paciente — algumas pessoas têm uma maior propensão ao inchaço devido a fatores como genética, retenção de líquidos ou mesmo a área tratada.
Por isso, é essencial que o profissional tenha um bom conhecimento dos diferentes tipos de ácido hialurônico disponíveis e saiba escolher o mais adequado para cada caso, a fim de minimizar o risco de complicações, como inchaços excessivos. Além disso, o especialista deve orientar o paciente de forma clara e realista sobre o que pode acontecer no pós-procedimento, como o tempo de recuperação, a possibilidade de edemas temporários e os cuidados necessários para obter os melhores resultados.
Portanto, a transparência e o planejamento cuidadoso são fundamentais para garantir que o paciente compreenda tanto os benefícios quanto os desafios do procedimento, sem ser levado pela pressa de resultados imediatos que podem não refletir o resultado final.
JP – O que pode acontecer quando não há limites no número de procedimentos realizados por um paciente? Isso pode levar a consequências irreversíveis ou difíceis de corrigir?
Quando não há limites no número de procedimentos realizados por um paciente, especialmente no caso de preenchimentos faciais com ácido hialurônico, isso pode resultar em consequências irreversíveis ou difíceis de corrigir. Embora o gel de ácido hialurônico possa ser dissolvido com a aplicação de hialuronidase, esse processo nem sempre é totalmente eficaz, pois nem todos os tipos de gel respondem da mesma forma à enzima. Além disso, a hialuronidase não age apenas sobre o ácido hialurônico extrínseco (aquele que foi injetado), mas também podem degradar o ácido hialurônico presente naturalmente na pele do paciente, o que pode levar a efeitos indesejados, como perda de volume ou alteração da textura da pele.
Por isso, a melhor abordagem é a *prevenção*, e não a correção de excessos. O número de procedimentos deve ser sempre controlado e realizado com moderação, priorizando a saúde e o equilíbrio facial. O ideal é que os tratamentos sejam feitos de forma gradual e cuidadosa, com a supervisão de um profissional qualificado e experiente, que saiba orientar o paciente sobre a quantidade e a periodicidade dos procedimentos.
É fundamental lembrar que procedimentos estéticos devem ser personalizados, respeitando as características individuais de cada paciente, para evitar resultados artificiais ou prejudiciais a longo prazo. A ética e o conhecimento técnico do profissional são essenciais para garantir que o paciente obtenha resultados naturais e sustentáveis, sem comprometer a saúde da pele ou o equilíbrio do rosto.
JP – Qual a importância de se considerar a saúde emocional e psicológica do paciente antes de realizar procedimentos estéticos invasivos?
A saúde emocional e psicológica do paciente é um fator fundamental a ser considerado antes de realizar procedimentos estéticos invasivos. O objetivo de qualquer tratamento estético deve ser sempre realçar as características naturais do paciente, promovendo um embelezamento que traga confiança e autoestima, mas *nunca* tentar transformar completamente o rosto ou fazer com que o paciente se torne alguém diferente.
É importante que o profissional avalie se o desejo do paciente está alinhado com expectativas realistas e se o procedimento é adequado para o que ele realmente busca, sem motivação por pressões externas ou insatisfações profundas com a própria imagem. Pacientes com dificuldades emocionais ou psicológicas podem ter expectativas irreais, o que pode resultar em insatisfação com os resultados e até em distúrbios de imagem, como o transtorno dismórfico corporal.
Além disso, o profissional deve estar atento a sinais de ansiedade excessiva ou obsessão pela perfeição, e garantir que o paciente esteja buscando o procedimento por razões saudáveis e não como uma tentativa de “escapar” de questões emocionais ou psicológicas não resolvidas. Nesses casos, é recomendável que o paciente seja encaminhado para uma avaliação psicológica antes de prosseguir com qualquer tratamento.
Em resumo, a saúde emocional do paciente é crucial para garantir que os procedimentos estéticos tragam benefícios reais e duradouros, não apenas fisicamente, mas também para o bem-estar emocional e psicológico do paciente. O respeito pelos limites naturais e a promoção de uma autoestima saudável devem ser sempre as prioridades do profissional.