
Rir é sempre a melhor saída. Faz bem ao coração e a alma. Hoje o meu convidado é o ator, humorista, diretor, músico, autor de teatro brasileiro e professor de teatro Fernando Caruso. Filho do cartunista Chico Caruso, é um dos criadores e participantes do espetáculo de improvisação Z.É. Zenas Emprovisadas, fenômeno de público no Rio de Janeiro que conquistou o prêmio Shell de Teatro em 2004. E é também um dos quatro integrantes do Comédia em Pé, espetáculo de comédia stand-up.
JP – Olá Fernando Caruso! Você é o autor do texto da peça infanto-juvenil
Ziraldo, o Mineiro Maluquinho. Como surgiu o convite para escrever para o universo dos “baixinhos”?
Veio por meio da Flavia Tapias, com quem já trabalhei antes algumas vezes. Ela fechou uma pauta, antes mesmo de ter um texto e um elenco, o que algo mais recorrente com ela do que deveria, rs. Mas ela sempre cumpre as datas e ela sempre faz as coisas acontecerem. Esse é um dos motivos pelo qual eu sempre digo “sim” pra Flavia. Ela está sempre tirando as pessoas da inércia e fazendo as coisas acontecerem.
JP – Comente sobre a experiência de escrever sobre o Ziraldo, e qual foi a direção que você priorizou na escrita do texto?
A experiência foi ótima, porque foi uma oportunidade para revisitar todos os livros que eu li na infância e adolescência e também voltar a passar tempo com esse grande amigo da família. Quanto a escrita, como eu sabia que o trabalho da Flavia é muito corporal, eu estava sempre direcionando a cena para resultados plásticos visuais. A ideia era que o texto servisse de trampolim para a Flavia criar uma partitura em cima. E como era de se imaginar, ela fez isso e foi além. As crianças ficam vidradas durante o espetáculo todo, coisa rara quando se trata de peça infantil, algo que eu sei pela minha própria experiência, rs.
JP – O Humor é a base dos seus textos teatrais. Qual é o tipo de humor que lhe agrada mais?
O inclusivo, que todo mundo ri junto. De preferência bem alto.
JP – Você é filho do cartunista Chico Caruso. Qual foi o legado do seu pai para a sua formação e trajetória?
Todas as reuniões dos amigos dos meus pais eram sempre em torno do humor, de contar histórias engraçadas, rir alto. Isso gerou em mim um fascínio pela risada e sem dúvida teve uma influência muito forte na minha carreira.
JP – Além de escrever, você também atua como ator no teatro e na televisão. Quando você começou a se interessar pelas artes cênicas? Como se deu o seu processo de formação como ator?
Entrei no Tablado com 12 anos e não saí mais. Hoje sou professor lá. Acho que tudo foi acontecendo organicamente, não foi algo que eu persegui conscientemente. O Tablado criou um ambiente que eu gostava de estar e era essa alegria que eu buscava perpetuar e ainda busco, até hoje.
JP – O texto Z.É. Zenas Emprovisadas é considerado um fenômeno de público no Rio de Janeiro, e você foi contemplado com o prêmio Shell de Teatro em 2004. Qual foi a importância desse premio para você?
Na verdade o Z.É. não era um texto, era um espetáculo de improvisação. Foi um formato que eu criei, porque eu tinha muita vontade de assistir algo que ainda não tinha ninguém fazendo. O Prêmio Shell serviu como uma chancela de que estávamos no caminho certo.
JP – Como você observa a contratação de influencers para desempenhar papéis na televisão no lugar de atores e atrizes profissionais?
Acho que atores podem vir de muitos lugares diferentes, até mesmo das redes sociais. Muitos grupos – famosos inclusive – são compostos por pessoas vindas de outras áreas, como advogados, médicos, arquitetos, engenheiros, etc. Portanto não vejo problema. Vejo mais problema com a recontratação de profissionais ruins ou com ética questionável, independente da área da qual eles vieram.
JP – Quais são os seus projetos futuros?
Vou estrear uma comédia policial chamada Corte Fatal em março no Teatro das Artes no RJ que está há 40 anos em cartaz nos EUA. Vou lançar um novo podcast (além do meu primeiro, o Podcrastinadores, sobre filmes e séries) com o meu grupo de stand up 4K, chamado 4Cast, com episódios periódicos no youtube. Traduzi um musical para fazer ainda este ano com o Claudio Botelho e o Charles Muller. E espero que o filme que eu rodei ano retrasado, Cansei de Ser Nerd, finalmente fique pronto em algum momento do segundo semestre. Devo estar esquecendo alguma coisa, mas não sei quanto espaço você têm pra matéria, rs