
O filme abre a narrativa em meio a uma Itália dividida e dominada pela Áustria. Marietta Baderna, filha de um militante pela unificação italiana, era uma promessa de jovem estrela no Scala de Milão (Teatro Alla Scala). A situação política se agrava no início de 1848, na Lombardia (“Le Cinque Giornata di Milano”). Baderna e seu pai buscam refúgio no Brasil através de um contrato que a tornava uma artista dos teatros da corte no Brasil.
A chegada da jovem era aguardada com muito entusiasmo por uma sociedade conservadora. Desde sua estreia, no Rio de Janeiro, a protagonista desse enredo real agrada e provoca repercussão na imprensa brasileira da época. O documentário salienta como a já famosa Marietta Baderna, com o passar do tempo, demonstrou-se “liberal demais” para um Brasil ainda escravocrata de D. Pedro II.
O Lundu, música de raízes africanas, dançado por Baderna no Teatro Santa Isabel, no Recife em 1851, é contextualizado no documentário mostrando o deleite e o “ruído” que esse fato causou.
A obra traz uma pesquisa cuidadosa da imprensa brasileira do século XIX, focada nos eventos teatrais e nas apresentações de Marietta no Brasil, entre 1849 até a morte da artista, período que ela dançou e fez história no país.
Com linguagem contemporânea, o filme mescla entrevistas que abordam curiosidades das artes cênicas da época, além da trajetória de Baderna. E ganha destaque a participação especial de duas primeiras-bailarinas brasileiras: Ana Botafogo e Márcia Jaqueline. Em passagens singulares Ana e Márcia revelam fases de suas carreiras que num paralelo se relacionam com a história principal de Marietta Baderna do século XIX. Numa montagem de linhas narrativas que se alternam entre época e atual.
Para ambientação foram escolhidas locações que são verdadeiras joias arquitetônicasdo século XIX, como o Solar do Jambeiro e o Theatro Municipal de Niterói, misturados com imagens do centro histórico de Milão, na Itália, feitas pela própria diretora.