
A minha convidada desta semana é a soprano do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Georgia Szpilman, que vai apresentar a riquíssima obra de Chiquinha Gonzaga ao público carioca no tradicional Salão Assyrio, no Theatro Municipal do Rio. No mês da mulher e para homenagear os 90 anos da morte da compositora, pianista e maestrina brasileira, Szpilman vai apresentar, no próximo dia 16, o espetáculo “Um Encontro com Chiquinha Gonzaga”.
Em nosso saboroso bate-papo, falamos sobre a importância de Chiquinha Gonzaga, da confecção do espetáculo, e ainda sobre a presença de Georgia Szpilman na Sapucaí. Confira!
Este ano, a grande compositora e maestrina Francisca Edwiges Gonzaga completa uma data redonda de falecimento, 90 anos! Por este motivo, eu, uma apaixonada pela maestrina, não poderia deixar de homenageá-la. O concerto será no Salão Assyrio no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Além do palco coberto de serpentinas, tendo ao meu lado a pianista Maria Luisa Lundberg, que será nossa Chiquinha, teremos o primeiro clarinetista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Moisés Santos. Apresentaremos composições icônicas da maestrina e histórias interessantes da Chiquinha, uma mulher totalmente de vanguarda!
As habaneras, o lundu, a polca, o maxixe, misturadas a valsa, criavam um ritmo mais pungente e dançante. Chiquinha era expert em fazer o mix destes ritmos de forma muito especial. Este se tornou seu grande diferencial. Depois, Chiquinha foi percebendo que para ampliar seus horizontes profissionais, tinha que se voltar para o teatro. Ela se transformou em um “Offenbach de saias”. Sabia como ninguém captar o gosto popular; no teatro musicado teve seu maior sucesso.
Para mim foi perfeita esta data em março, pois Chiquinha foi uma mulher que rompeu totalmente com os padrões de sua época, metade do século 19 e parte da República. Enquanto as mulheres para saírem de casa precisavam da companhia do marido ou do irmão, Chiquinha abandonou o marido e trabalhava à noite tocando ao lado de músicos que a respeitavam. Logo Chiquinha é perfeita para nos representar, mulheres brasileiras!
Mas a nossa Chiquinha, vendo um ensaio do Cordão Rosa De Ouro, teve esta brilhante ideia: Porque não uma música especialmente para o nosso Carnaval? E a verdade é que Ô Abre Alas está aí até hoje, perpetuando a dona Francisca, e abrindo os blocos de nossa cidade.
Depois, a organização e seriedade. Ir aos barracões onde toda magia é construída. Uma verdadeira colmeia. Sob a batuta do Carnavalesco Milton Cunha, um gênio, cultíssimo e totalmente empolgado com o que estava criando. Fantástico!!!
E um pouco antes da Escola sair, o silêncio sepulcral de todos ali presentes. Senti-me como se estivesse na coxia do Theatro Municipal antes da estreia de uma ópera. Fiquei totalmente arrepiada. Depois, na avenida ao lado do Neguinho da Beija-Flor, fazendo um vocalize sobre o refrão do samba enredo. Pode imaginar, toda aquela energia vinda das arquibancadas, o coração batendo forte e nós dois, lado a lado, samba e ópera, em total harmonia. Então pensei, é tudo igual, não tem diferença. A Arte brotando de nossas veias, empolgando aquela arena. E a Bidu Sayão, já com 90 anos, uma Diva da qual eu era fã, ali bem pertinho de mim, sendo homenageada em grande estilo. Jamais esquecerei este momento em minha vida!
Meu compositor preferido, sendo soprano lírico, claro que é Puccini, pela teatralidade da sua música, que funciona muito bem em minha voz. Mas amo Wagner, apesar de pensar que suas óperas só deveriam ser no seu Teatro, o Bayreuth. Lá é tudo tão perfeito que o cantor não tem que duelar com o metaleira da orquestração de Wagner. Acústica perfeita, onde tudo é pensado para que o cantor possa ficar livre, interpretar e ser ouvido sem sofrimentos. Mas arrisco a cantar algumas árias aqui, com o piano. Já fico feliz. Assim como Puccini, o que me encanta em Wagner é a forma teatral e visceral de suas composições.