
“Água Fresca para Flores”, da escritora e roteirista francesa Valerie Perrin (1967), fenômeno editorial recente na Europa, será adaptado para o teatro e estreia dia 8 de abril no Teatro dos 4, no Rio de Janeiro, em espetáculo solo de Marcella Muniz, com dramaturgia e direção de Bruno Costa.
Vencedor dos prêmios Maison de la Presse (importante prêmio anual francês, há 55 anos) e Prix des Lecteurs (prêmio canadense ao livro mais popular nas livrarias e bibliotecas públicas credenciadas de Quebec), o romance, traduzido em mais de 30 idiomas, é o primeiro livro de Valerie Perrin a ser publicado no Brasil.
Intimista e por muitas vezes cômico, o romance entrelaça histórias dos vivos e dos mortos através de Violette, zeladora de um cemitério, uma mulher forte que, na simplicidade do seu dia-a-dia, cuida de todos – vivos e mortos – e que aos poucos aprende a cuidar de si mesma. Através da imagem da primavera, o texto fala do crescimento, do florescer da natureza – dentro e fora de nós.
O romance encantou Marcella Muniz, que abraçou o desafio de viver seu primeiro monólogo: “Sou uma leitora assídua. ‘Água fresca para as Flores’ me arrebatou já nas 20 primeiras páginas, de uma maneira que poucas obras conseguiram. Nunca quis fazer um monólogo na minha vida, mas a força da simplicidade dessa mulher é um mergulho profundo na alma humana. Com isso, só consigo ver essa personagem sozinha no palco. Juntei-me com Bruno, que entendeu perfeitamente minha louca vontade de falar sobre isso, e fez uma linda adaptação. Com certeza vamos contar como a dor pode se transformar em algo belo e significativo”.
Ao que completa o adaptador e diretor, Bruno Costa: “Como o Coelho da Alice, estamos sempre atrasados. Muitas vezes renunciamos às vivências, ao contemplativo, aos momentos que realmente importam para correr atrás do nada nessa corrida cotidiana caótica. Por meio do teatro, e da história de uma mulher simples, fazemos uma parada para refletir e nos religar ao real valor do tempo”.
Violette Toussaint é uma mulher comum, zeladora de um cemitério numa pequena vila da Borgonha. Seu dia-a-dia é preenchido pelo cuidado com as plantas e animais que lá habitam, e pelas confidências comoventes, trágicas ou até cômicas dos visitantes do cemitério, que divide com o público, assim como suas memórias pessoais. Apesar da infância conturbada, de um marido desaparecido e de vários reveses, encontra conforto entre os rituais e as flores do cemitério. Acredita de forma obstinada na felicidade.
Foto Roberto Carneiro