
Participei há dias de homenagem particularmente emocionante para quem viveu e acompanhou as transformações do Rio de Janeiro, através de grandes obras públicas que foram realizadas pelo engenheiro Enaldo Cravo Peixoto entre os anos finais da década de 1960, começo de 1970.
Uma plateia emocionada atendeu ao chamamento do engenheiro Luiz Edmundo da Costa Leite que lotou o auditório da mais que secular elevatória de esgotos sanitários, aquela que quase faceia a igrejinha da Glória, ao final da Praça Paris. Aliás, tudo a ver, porque o homenageado Cravo Peixoto consagrou-se desde o início da carreira fulgurante exatamente como engenheiro sanitarista, ele que se orgulhava de ter sua maior e mais celebrada obra, a rede de esgotos sanitários do Rio com suas centenas de quilômetros enterrados por toda a cidade, mas longe dos olhares da admiração pública.
De fato, Cravo Peixoto ficou reconhecido na engenharia mundial como o autor da intrincada rede de esgotos sanitários que transformaria o Rio de uma cidade muito precária em cidade modelar na sofisticada coleta da rede de esgotamento público sob o solo.
Aliás, todo o precioso acervo do afamado sanitarista (livros, documentos, etc.) acaba de ser doado por sua filha adotiva , a Dra. Patrícia Santoro, aos cuidados do engenheiro Luiz Edmundo.
Na solenidade de que participei há dias, creio que das primeiras reverências públicas de vulto à luminosa memória de Cravo Peixoto, abordaram-se muitos outros fragmentos de sua intensa vida de engenheiro. Ele, que foi o grande articulador das obras do então governador do Rio, Carlos Lacerda, foi celebrado como o mais laborioso autor de obras públicas relevantes na Cidade Maravilhosa, como túneis, parques, viadutos e, sobretudo incluindo a rede de esgotos, a outra sua monumental obra, a de fornecer água abundante para a cidade que, antes, chegou a ser reconhecida na verdade implacável da marchinha de carnaval como “Rio de Janeiro/Cidade que seduz/De dia falta água/De noite falta luz”.
Ou seja: a homenagem ao alagoano de 1920, da cidade colonial de Penedo, às margens do São Francisco, consolidou Cravo Peixoto como um dos grandes construtores da cidade do Rio ao lado de Pereira Passos e não tantos outros assim de igual eficiência dentre os trabalhadores históricos pelo e para o Rio.