
Pensar em poesia sem sentir o perfume das rosas é poetizar sem vivenciar, mesmo quando esta rosa é hereditária, cirrótica, atômica, muda em telepatia, descolorada palidamente, desodorizada do âmago de seu eflúvio. Que me perdoe o poeta maior, peço licença, poética é claro, para desavir em meu dissentir, mas rosas guardam o perfume que roubam de todas as mulheres do universo. Meu Poetinha, mesmo discreto, o aroma exalado tem a cor de uma mangueira-mestre, em notas musicais e doces palavras. A mangueira dá rosa em botão. Hei de concordar contigo, tenho que fazê-lo, tu defines com a mais puro de todos de todos os teus versos que “…uma rosa é uma rosa, é uma rosa / É a mulher rescendendo de amor…”. Que coisa mais linda, que aroma tem a mulher que rescende de amor. Não há nada mais.
A poesia é assim como um imenso jardim absolutamente, florido; são crisântemos, rosas, dálias em viridário no firmamento. É como procura a flor e o seu codinome beija-flor. Os canteiros de Cecília, vestal fogo sagrado.
As flores vencem os canhões e as baionetas sombrias, cabos destroçados. Refrões bisados a exaustão, suplantam as rimas, à flor da pele, à flor da idade, à flor do amanhã, com aquela alegria fugidia e furtiva.
Os cravos fazem revoluções, as camélias aproximam casais no enlace matrimonial do companheirismo, a flor-de-laranjeira derrama sua alva luz na simplicidade do buquê nubente.
Olho pela janela, vejo a rosa-violeta salpicando de pétalas, sépalas incrustadas na corola, o viridário da existência telúrica. Vejo flores, bruta flor em que me queres, oh imensa seiva do algodão-da-praia, alabastrino-amarelado.
Nesse vergel da existência poética, onde rapsodos, vates e bardos bebem na fonte mágica das musas, fadas madrinhas e ninfas do amor, grinaldas, tênues miosótis. Nesse espaço em que refloresce do restolho o deífico desabrochar, o mais divinal olor, alma florada multicor. Terá o amor tom?
Somos assim, ode no estro encantado, aroma matinal da dama-da-noite, jasmins noturnos, jardins florescidos. Em cada ode olência do que nos dizem as rosas. Puro êxtase no Édem.
Eu vejo flores em Frida Kahlo, pétalas no mundo, rosas em você!