
Considera-se o início da música popular no Brasil a partir de 1550, quando os portugueses invadiram Pindorama e já encontram manifestações musicais junto aos povos originários.
Francisco de Vacas, português morador da Capitania do Espírito Santo, é considerado “o primeiro músico de renome e da maior importância na evolução da música popular brasileira”. Citado por Duarte da Costa, em 1555, como “cantor eclesiástico e metido em confusões policiais, tendo inclusive agredido um aluno…”, tocava viola renascentista.
O sistema tonal, trazido pelos portugueses e, obviamente, desconhecido dos indígenas, juntamente com as primeiras danças africanas como jongo, lundu, batuques além de vários instrumentos como flauta, cavaquinho, violão, agogô, ganzá, ‘compõem’ essa rica miscelânia que é a MPB.
Muitos séculos se passaram e Nair de Tefé, à época, primeira-dama, mulher progressista e idealista, casada com o presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, organizou um recital de lançamento do “Corta Jaca”, maxixe composto por Chiquinha, sua amiga. Foi um “escândalo”. Tocado ao violão, instrumento considerado de malandros, por Nair, acompanhada, por nada mais nada menos que, Cartulo da Paixão Cearense, numa recepção no Palácio do Catete, então residência oficial da Presidência da República.
O ato foi considerado uma quebra de protocolo, por levar às esferas palacianas música popular que, segundo a elite, era inspirada em danças lascivas e vulgares. Na verdade, uma ‘alforria’ da MPB. Era a primeira vez que se executava uma canção popular na sede do governo.
Nair, em 1921, participou da Semana de Arte Moderna, fundou a Academia Petropolitana de Letras, participou da Academia Fluminense de Letras. Em 1932, fundou o Cinema Rian, na Avenida Atlântica, em Copacabana, Rio de Janeiro. Aos 73 anos, volta a fazer caricaturas e no fim dos anos 1970, participa ativamente das comemorações do Dia Internacional da Mulher. Mulheres muito além do seu tempo, muito além de um Brasil misógino, machista e preconceituoso. Chiquinha vai à luta, mostra à que veio. Abre alas, passa, é da lira, impossível negar.
A MPB surge de uma bem-composta mistura de ritmos africanos, indígenas e europeus. Toma forma, a partir de dois ritmos musicais: o lundu, de origem africana, e a modinha, com fonte portuguesa, melancólica como os fados.
Nos anos 1900 surge o samba, mistura de ritmos dos morros e cortiços cariocas, das rodas de capoeira com os pagodes e as batidas em homenagem aos orixás. Em 1917, Donga compõe Pelo Telefone, sendo o marco deste estilo musical.
A MPB é um movimento musical dos mais ricos do mundo, num somatório de ritmos, gêneros e estilos contagiantes, dá o tom e a harmonia da brava gente brasileira.
A MPB é para os ouvidos, é ‘pra’ pular à brasileira!