
Primeira exposição no espaço físico reformado da galeria, “A rotina das paredes” apresenta um conjunto de uma dezena pinturas, a partir do dia 2 de agosto, sábado, na Contempo, que ocupa uma casa na Alameda Gabriel Monteiro, em São Paulo.
Até o dia 23 de agosto, a exposição coletiva reunirá trabalhos de Chen Kong Fang, Lilian Camelli e Uéslei Fagundes, com curadoria de Gabriel San Martin, em um recorte artístico para pinturas de interiores e de naturezas-mortas da produção dos artistas.
Se o ponto alto de boa parte da pintura figurativa brasileira se manifesta em gêneros “menores”, como na natureza-morta, na paisagem e na pintura de gênero, San Martin argumenta que sua vocação privada reitera a constituição de um espaço privilegiado de esclarecimento da capacidade de cada um de dispor o mundo.
“A espacialidade estranha casada às superfícies instáveis e ao tonalismo tímido das pinturas, como por exemplo nas obras de José Pancetti, Alfredo Volpi, Eleonore Koch e do próprio Chen Kong Fang, encontra uma intimidação protetora de um espaço doméstico que desestabiliza as relações entre figura e fundo, sujeito e objeto. Como se diferenciando público e privado, ainda fosse tudo a mesma coisa”, afirma o curador.
Ao trazer Uéslei Fagundes e Lilian Camelli para dialogar com o trabalho de Chen Kong Fang, a coletiva evidencia a constante resistência turva do espaço doméstico em não se tornar também pública a que se envolve a história da pintura brasileira. Experimentando seja com a manipulação do suporte, com uma tridimensionalização falseada ou com transições tonais, as pinturas exploram a condição do gênero doméstico enquanto um laboratório crítico da realidade.