
Movimento fundado por Luiza Helena Trajano reuniu lideranças de diferentes áreas no palco exclusivo do maior evento de tecnologia e inovação da América Latina para discutir diversidade, saúde, empreendedorismo, política e transformação social
O Grupo Mulheres do Brasil encerrou sua participação no Rio Innovation Week 2025 com um dia inteiro de programação no palco exclusivo montado no Armazém Kobra, no Píer Mauá, Rio de Janeiro. Ao longo de nove horas de atividades, lideranças femininas compartilharam experiências e perspectivas sobre como a tecnologia, a política e os negócios podem caminhar lado a lado com a diversidade, a equidade e a justiça social.
Na abertura, Luiza Helena Trajano, Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, destacou que, mesmo diante do avanço da inteligência artificial, o humano segue insubstituível: “A inteligência artificial não vai substituir o calor humano, a inteligência. A prática de transmitir e ensinar é nossa”. A fala encontrou eco na participação de Sonia Hess, vice-presidente do Grupo Mulheres do Brasil, que reforçou o papel transformador da presença feminina: “Nenhum conflito no mundo tem rosto de mulher. E eu digo sempre: só vamos mudar o mundo através do feminino. Do feminino de homens e de mulheres”.
Outras vozes também trouxeram reflexões potentes sobre os desafios e caminhos para avançar na equidade. Joyce Trindade, secretária de Políticas e Promoção para Mulher do Rio, ressaltou a urgência da ação prática no exercício do poder: “A mudança só existe por meio da ação. E nós, mulheres que estamos nesses espaços de poder, precisamos fazer isso. Precisamos escancarar portas e não permitir que elas sejam fechadas”.
Na esfera política, a deputada estadual Tia Ju destacou a importância da escuta social para legislar de forma eficaz: “Não há leis efetivas sem escuta. É preciso ouvir a população, as mulheres, e a partir disso, criar legislações”. Já a deputada estadual Célia Jordão alertou para a persistente desigualdade no mercado: “Sabemos que no mercado de trabalho a mulher ainda recebe 20% menos que o homem, mesmo exercendo a mesma função”.
No campo jurídico, Andrea Pachá, desembargadora e escritora, lembrou que o momento atual exige vigilância constante diante de sérias ameaças: “Estamos vivendo tempos de imenso retrocesso de violência contra as mulheres”. Além disso, Nadynni Soeiro, gerente geral de Responsabilidade Social da Transpetro, reforçou que “através da escuta ativa do território levamos arte, cultura, circo e transformamos. A responsabilidade social é também transformação social”.
Hildelene Lobato Bahia, primeira mulher comandante da Marinha Mercante Brasileira, deixou uma mensagem de incentivo ao protagonismo: “Acreditem em vocês. Entrei na Marinha pra fazer meu pé de meia. E lá se vão 25 anos”. A médica e cientista Sue Ann Costa Clemens, referência internacional em vacinas, destacou que inovação deve estar ligada à equidade no acesso à saúde, enquanto Carla Pinheiro, presidente do Conselho de Mulheres da Firjan, reforçou a importância dos homens como aliados: “Precisamos dos homens aliados para puxar as pautas femininas, estimular a mudança cultural e ultrapassar barreiras”. No mesmo tom, a economista Renata Roqui, coordenadora de Inclusão Produtiva do Sebrae RJ, lembrou que um futuro diverso depende também de novas práticas educacionais: “Precisamos criar nossos filhos de maneira diferente, para a diversidade”.
O encerramento contou com a presença de Alexandra Segantin, CEO do Grupo Mulheres do Brasil, além de Inês Rocha e Andrea Sophia, líderes do Núcleo Rio de Janeiro. Para Inês Rocha, a estreia do palco no evento foi um marco político e social: “Estamos falando de um movimento que mobiliza mais de 130 mil mulheres. No RIW 2025, mostramos que o futuro será mais ético e humano se for construído com mulheres à frente. Essa presença é política, é social, é estratégica”.
Fotos Cristina Lacerda