
Meu pai, João Pinheiro Neto, gostava muito de Haroldo de Andrade.
Os dois se conheceram, ainda, no governo de João Goulart, em 1962 . Quando Haroldo de Andrade já trabalhava na Rádio Globo e João Pinheiro Neto já tinha se tornado ministro do Trabalho de Jango e, depois, Presidente da Superintendência da Reforma Agrária, a Supra.
Nascido em primeiro de maio (Dia do Trabalhador) de 1934, em Curitiba, no Paraná, Haroldo de Andrade morreu, no Rio de Janeiro, em 2008 , e deixou muitas saudades, entre os amigos e admiradores.
Com uma voz maravilhosa e muito simpático, além de bem informado, Haroldo de Andrade começou a carreira de radialista em Curitiba.
Primeiro, ele fazia anúncios, pelo Serviço de Alto-Falantes Iguaçu, de produtos do comércio local.
Depois, foi convidado para se apresentar na Rádio Clube Paranaense, o “Grande Programa RCA Victor”, patrocinado pela famosa gravadora de discos e dedicado à música clássica.
Aos 20 anos, em 1954, Haroldo de Andrade chegou ao Rio de Janeiro. E, foi trabalhar na Rádio Mauá.
Já, na Rádio Globo, o querido apresentador recebeu o “Microfone de Ouro”, da Revista Radiolândia, como “Melhor Locutor”.
Depois da deposição de Jango, em 1964, Haroldo de Andrade também passou a apresentar um programa na Rádio Eldorado.
Em 1966, ele ganhou um espaço, junto com outros radialistas, na TV Globo .
E, liderou “Os Maiorais da Globo”.
O sucesso de Haroldo foi tão grande, que, em 1968, auge da ditadura militar, ele conquistou um espaço muito importante na lendária TV Excelsior e estreou o “Haroldo de Andrade Show”.
Meu pai, preso e cassado pela ditadura, tinha vocação para o jornalismo, profissão que exerceu com o apoio de Samuel Wainer e Adolpho Bloch.
Nos anos 70, os mais duros da repressão do regime militar no Brasil, Haroldo de Andrade atingiu a fama, ao máximo.
Seu aniversário, dia primeiro de maio, caia nas comemorações pelo Dia do Trabalhador.
Foram inesquecíveis as celebrações, na Quinta da Boa Vista, a partir de 1970. Com um público de, no mínimo, 100 mil pessoas.
Na condição de amigo de Juscelino Kubitschek e de João Goulart, ex-ministro cassado e de crítico aos governos militares, João Pinheiro tornou-se um dos famosos debatedores do famoso quadro ” Debates Populares “, criado, com exclusividade, por Haroldo de Andrade, a partir de 1970.
Por causa da iniciativa de levar aos Debates Populares convidados que divergiam, democraticamente, e debatiam os principais problemas do Rio de Janeiro e do Brasil, de forma pacífica e elegante, Haroldo de Andrade ganhou muitos prêmios.
Entre os prêmios, troféus como o Melhor Programa Radiofônico da América Latina, em 1977.
Nesse mesmo ano, ele foi apontado pela Revista norte-americana, Billboard, como a “Maior personalidade no ar”.
O público de Haroldo de Andrade era variado e fiel. Sua popularidade, enorme.
Problemas de saúde o obrigaram a deixar, definitivamente, os microfones, em 2007. Mais de quinhentas mil pessoas compareceram ao seu funeral, no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju.
Todos os meus aplausos a Haroldo de Andrade.