
Gilberto Schwartsmann tem uma qualidade rara: consegue reunir a Academia Nacional de Medicina, a Academia Brasileira de Letras e a Academia Brasileira de Filosofia no mesmo lugar. Ontem, representantes das três importantes academias estiveram na Travessa do Leblon para prestigiar o lançamento de “Odisseu: O herói humano da Odisseia”, obra de Schwartsmann que recria o épico de Homero num tributo à tradição e à poesia clássica. O livro é escrito em versos dactílicos, ou seja, linhas com um padrão rítmico de uma sílaba forte seguida de duas sílabas fracas, criando uma cadência semelhante a um canto. Médico oncologista gaúcho, Schwartsmann é um bibliófilo que possui um acervo de obras raras e primeiras edições dos principais autores do cânone literário ocidental, como a Divina comédia, de Dante Alighieri, A Ilíada e A Odisseia, e é um dos grandes mecenas da cultura no Rio Grande do Sul, presidente da Orquestra sinfônica de Porto Alegre. Schwartsmann é reconhecido como mecenas nas artes e tem forte ligação com a cultura.
As ilustrações do livro são de Zoravia Bettiol, 90 anos, ícone das artes plásticas brasileira.
Na presença de tantos imortais, Schwartzman não se intimidou e fez um belo discurso elevando a Odisséia à maior aventura dos mares. “Junto com Ilíada, começa o cânone literário ocidental. Parte da oralidade, toda contada em versos. A Odisséia é conhecida de todo mundo, até de quem nunca o leu, porque sempre alguém conta alguma sobre ela. E a história de um herói, Odisseu, que ao fim da guerra de Troia volta pra casa, Itaca, numa viagem que dura 10 anos de aventuras, passando anos com a ninfa Calipso num romance interminável, mas com saudade de casa. Se a gente pensa que Kafka foi original com Metamorfose, vem tudo da Odisseia. Até hoje não se sabe se Homero foi o único autor de Odisseia. Talvez tenham sido muitos. Começa com a literatura oral, e séculos depois foi transcrita para a forma literária em livros”.
Fotos Eny Miranda