
Michele chorou, atacou Moraes e declarou amor eterno ao marido; senador Flávio Bolsonaro tingiu a alma de chocolate, culpando desde já o ministro Alexandre de Moraes pela eventual segunda facada; governador Tarcísio de Freitas entrou na pilha, Fogoso, pisou firme no palanque dos aflitos. Olhos sangrando de rancor. Respirou fundo e foi logo tirando o. couro de Moraes para fazer cuica. Como pode ser tudo, menos bobo, vestiu Bolsonaro com a imagem do Cristo Redentor; Mais figurantes da ópera bufa seguiram a mesma linha despudorada da pieguice explícita. Zelando pelas marionetes suadas, gordas, mal vestidas e indóceis, o pastor das almas penadas, Silas Malafaia. Que também abriu o bico, blasfemando contra tudo e todos. A esta altura a mãe de Moraes já havia sido docilmente homenageada, também pela multidão. As televisões mostraram o medonho, inacreditável e inútil show de demagogos, oportunistas e desocupados. Todos com o peito ardendo de ódio. Alucinados e reféns do sol escaldante. Chorando em casa, forrado de fervor cívico, de dieta braba, se fartando com pão com leite condensado, frango assado e camarão empanado, o canastrão principal da pantomima, perto de ser canonizado, antes de ser fritado, o doce Jair Messias Bolsonaro. Nas ruas, fantoches com a bandeira dos Estados Unidos nos ombros. Um mendigo, acordado pela barulheira, coçou a cabeça piolhenta e lascou para o segurança grandalhão do palanque com voz fraca e esfomeada: “Que horas vão distribuir o sanduiche que Malafaia prometeu?”.