
O termo “Vape Face” ganhou força no TikTok nos últimos tempos para descrever sinais indesejados como acne, erupções e envelhecimento precoce da pele associados ao uso de cigarros eletrônicos.
Apesar de muitos usuários acreditarem que o vape é uma alternativa mais segura ao cigarro tradicional, a nicotina,, presente em boa parte desses dispositivos, prejudica o tecido elástico da pele, degradando as fibras de colágeno e elastina e favorecendo o aparecimento de rugas, flacidez e manchas — os principais componentes do chamado “Vape Face”.
É importante ressaltar que o mal à pele não está restrito apenas ao cigarro convencional — o vape também causa danos visíveis. A produção de nicotina em forma de vapor, frequentemente com partículas ultrafinas, pode comprometer o sistema de defesa e regeneração da pele. Sendo assim, o vape não é inofensivo — e os sinais na pele podem se manifestar mais rapidamente em rostos mais expostos, como o das mulheres, que costumam usar maquiagem, filtros e produtos que potencializam os efeitos nocivos.
No TikTok, a hashtag #vaping já soma centenas de milhares de publicações — por exemplo, a tag aparece com cerca de 164,7 mil vídeos até o momento. Embora não haja dados recentes que quantifiquem especificamente o uso do termo “Vape Face”, é inegável o aumento de vídeos que alertam para os efeitos dermatológicos do vape, compartilhando relatos pessoais e comparando seus resultados estéticos com os do fumo tradicional.
Conversamos com a dermatologista Priscilla Sarlos, da Onne Clinic (RJ) sobre o tema. Confira!
JP – Quais são os principais sinais cutâneos iniciais observados em pacientes que usam vape com frequência?
O reconhecimento das manifestações cutâneas associadas ao uso de cigarros e cigarros eletrônicos é fundamental para o dermatologista na prática clínica atual. Em usuários frequentes de vape, os sinais mais comuns incluem atraso na cicatrização de feridas, já que o tabagismo prejudica a migração de fibroblastos e a produção de colágeno, além de causar dermatite de contato e vermelhidão em decorrência de alérgenos presentes na fumaça, como cacau, mentol, alcaçuz, colofônia e formaldeído. Também são observadas lesões inflamatórias (semelhante a acne) na face e envelhecimento precoce, caracterizado por alterações de textura, tônus e viço na pele.
JP – A nicotina presente no vape afeta a produção de colágeno de maneira semelhante ao cigarro? Em que intensidade?
Embora os cigarros eletrônicos tenham sido inicialmente divulgados como uma alternativa mais segura ao cigarro convencional, as evidências atuais mostram que ambos apresentam efeitos deletérios semelhantes em praticamente todos os sistemas orgânicos, incluindo a pele. A nicotina compromete a síntese de colágeno ao alterar a migração de fibroblastos e modificar o turnover da matriz extracelular, o que resulta em flacidez, rugas, perda de elasticidade e opacidade cutânea, impactando de forma significativa a saúde e a aparência da pele.
JP – Existem recomendações estéticas ou dermatológicas específicas para quem pretende parar de usar vape e recuperar a pele prejudicada?
A avaliação dermatológica deve ser sempre individualizada, levando em conta não apenas os efeitos do tabagismo, mas também outros fatores como idade, poluição, estresse e hábitos alimentares. De maneira geral, o tratamento é direcionado para a restauração da qualidade cutânea, com foco em tecnologias e procedimentos injetáveis que promovam estímulo da produção de colágeno, melhora da textura, devolução do viço e maior vitalidade à pele.