
Com uma carreira muito bem-sucedida, especialmente em produções cômicas, Ben Stiller aos poucos passou a se posicionar por trás das câmeras. Seus trabalhos como diretor são reverenciados pela crítica e pelo público, que reconhecem sensibilidade e bom gosto em seus enquadramentos. Mas a carreira de Stiller começou muito antes de sua primeira aparição na TV. Filho do icônico casal Jerry Stiller e Anne Meara, o ator cresceu entre ensaios e bastidores de peças. Acostumou-se à rotina dos sets de filmagem e seguiu um caminho natural, quase inevitável, convivendo com dois grandes talentos da indústria do entretenimento dentro de casa. Jerry e Anne marcaram época. Ganharam notoriedade a partir dos anos 1960 e conquistaram o público com esquetes hilárias em programas como The Ed Sullivan Show. A dupla de comediantes trabalhou junta por décadas e inspirou diversos artistas que depois ganharam as telas e os palcos. Um deles, o próprio filho.
Stiller & Meara – Nada está perdido (Apple TV) é um registro tocante e elegantemente bem editado sobre a história do casal. As primeiras aparições em público e a vida dos dois são revisitadas graças a um farto material pessoal, produzido majoritariamente por Jerry. Às vésperas da venda do apartamento onde cresceu com a irmã, Ben revisita o passado guardado em caixas, armários e pastas, rememorando a infância com uma câmera sempre ligada, acompanhando os bastidores da vida real de sua família.
Apesar de contar a história dos pais, Ben reflete bastante sobre a própria trajetória na direção do documentário, especialmente sobre o medo de não poder fracassar de forma anônima e sobre as tentativas, nem sempre bem-sucedidas, de não repetir os erros de Anne e Jerry com os próprios filhos. Ao vasculhar o que parecia perdido em um apartamento vazio, encontra, em fotos, recortes e diários, verdadeiros tesouros da infância, num arquivo de memórias espalhado por quartos permeados de lembranças.






