
Há cinco anos escrevi sobre episódios inadmissíveis acontecidos naquele, quase, longínquo 2020. O cancelamento da tradicional homenagem ao Dia da Consciência Negra, realizada em missa de ação de graças, há 16 anos, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no bairro carioca da Glória. Em Santa Catarina, a primeira mulher negra eleita para a Câmara de Vereadores da cidade de Joinville, Ana Lúcia Martins, passou a receber ameaças de morte, ataques racistas, intolerantes e preconceituosos. Em Governador Valadares, Minas Gerais, um gerente de uma loja foi humilhado por uma idosa e o episódio da rede Carrefour, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em que um homem negro foi barbaramente espancado e asfixiado até a morte
Os quatro episódios, aqui relatados, aconteceram na semana do Dia da Consciência Negra.
Até quando perdurará tanta intolerância, insanidade, violência e preconceito? Até quando pretos e pretas vão sofrer, literalmente, na pele, tanta discriminação? Até quando?
Até quando as justificativas passarão por: “eu, até, tenho amigos negros”, como se uma frase, escandalosamente preconceituosa, resolvesse esse problema arraigado há milênios. Até quando a ‘situação estará preta’, a ‘lista será negra’ e ‘neguinho fez teve tal atitude’? Até quando?
Até quando o racismo estrutural, em plena segunda década do século XXI, se manterá? Quantos Cruz e Souzas, Rosa Parks, Malcolm Xs, Carolinas de Jesus, Martin Luther King Jrs., Zumbi dos Palmares, Angela Davis, Desmond Tutus, Josés do Patrocínio, Koffi Annan, Nelson Mandelas, Francisco José do Nascimento, Machado de Assis, Laudelinas de Campos Melo, Abdias do Nascimento, Conceições Evaristo, Suelis Carneiro, Mães Meninazinhas de Oxum, Mães Menininhas do Gantois, Manuéis Congo e Marianna Crioula, líderes intelectuais, políticos e outros, em vertentes, mais populares e tantas e tantos mais serão precisos para que essa mentalidade segregacionista, ainda que velada em alguns casos, seja definitivamente extinta? Quantos e quantas?
Até quando caráter será ‘medido’ pela cor da pele, avaliado por etnia? Até quando será necessária uma data para termos ‘consciência’ de que somos todos iguais, absolutamente iguais, independente do tom de nossa tez? Esse racismo estrutural, com origem a partir do século XVI no país, imposto pelos invasores portugueses na diáspora africana escravizando os povos africanos, que segundo eles “não tinham alma”, não pode mais perdurar. A Lei não poderá mais ser apenas “para inglês ver”. A Lei tem que ser de fato e de direito para todos e todas, como determina o artigo 5° de nossa Constituição. Respeito!
Hoje vemos iniciativas mais concretas nessa luta antissegregacionista sem fim. Hoje atos irracionais de racismo têm sido denunciados e coibidos. Hoje mulheres e homens pretos, levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima, mas, ainda estamos muito longe do ideal. Muito longe do amor por todos, muito longe…
Que jamais, em tempo algum, seres humanos sejam novamente escravizados. Respeito, somos todos iguais! Não ao apagamento.
Até quando?














