
Por Arlindenor Pedro – Professor de História, Sociologia e Filosofia, editor do Blog, Revista Eletrônica e canal YouTube Utopias Pós Capitalistas.Salta aos olhos, que, na atualidade, o cidadão tenha, cada vez menos, entendimento da realidade que o cerca, isto é, ele sucumbe ao fato de que a existência real aparece para ele de forma cada vez mais fragmentada, em esferas cada vez mais separadas, em um mundo onde a totalidade não é possível ser vista na sua dimensão real.
O mundo está separado em segmentos estanques, onde o individuo torna-se, cada vez mais, isolado no espaço onde foi confinado.
Resulta daí, portanto, que cada indivíduo consegue somente reconhecer uma parte ínfima desse universo. São bolhas sociais onde ele vive, na maior parte de sua vida.
Embora esse mesmo indivíduo viva em um planeta onde a unidade não se faz mais presente — um mundo fragmentado- , ele ainda sente a necessidade de tomar consciência da totalidade dessa realidade. E isso, o cidadão da Terra o faz por outros, intermediários, que passam a traduzir para ele essa totalidade e buscam se aproximar de uma visão mais próxima do real. Ele precisa, então, de ajuda. É aí que surge a figura do especialista (nos mais diversos ramos), com a função de explicar para ele essa realidade, fora da sua compreensão.
Geralmente, são pessoas próximas, como líderes religiosos, políticos locais, ou pessoas que exercem influência nas bolhas onde ele vive.
Embora esse mesmo indivíduo viva em um planeta onde a unidade não se faz mais presente — um mundo fragmentado- , ele ainda sente a necessidade de tomar consciência da totalidade dessa realidade. E isso, o cidadão da Terra o faz por outros, intermediários, que passam a traduzir para ele essa totalidade e buscam se aproximar de uma visão mais próxima do real. Ele precisa, então, de ajuda. É aí que surge a figura do especialista (nos mais diversos ramos), com a função de explicar para ele essa realidade, fora da sua compreensão.
Geralmente, são pessoas próximas, como líderes religiosos, políticos locais, ou pessoas que exercem influência nas bolhas onde ele vive.
Podem ser, ainda, influenciadores com programas de sucesso, nas emissoras de televisão, rádio, etc, que estejam presentes em suas redes sociais.
Desta forma, enxergando a realidade com os olhos dos outros, como em um espelho invertido (na maioria das vezes através da televisão ou de outras mídias), acentuam, então, uma postura contemplativa, abdicando da vida-vivida.
Como esse estado de contemplação é, em última instância, o contrário da vida, que exige a intervenção constante, forma-se um homem, um ser social alienado, na verdadeira acepção da palavra. Um ser que detesta a política e seus atores, delegando a ação do poder para os políticos profissionais, que, julga ele, estão mais capacitados para exercer o papel de interventor na administração pública.
Interessante notarmos que, na esteira de tal fenômeno, em que surgem esses especialistas (que se aprofundam e dominam o entendimento da lógica eleitoral), acentua-se também a situação de total dependência dos atores políticos a esses profissionais. Na atualidade, torna-se praticamente impossível a eleição, principalmente para os cargos majoritários, se não houver o concurso de marqueteiros, blogueiros, estatísticos, cabos eleitorais, administradores, etc.
Temos, portanto, que encarar uma eleição como um episódio totalmente desvinculado da realidade, onde o ato do voto do eleitor se dá num espaço de ação puramente emocional, motivado por um processo inteiramente racional pre determinado. Todos os atos políticos são estudados meticulosamente antes de serem vistos pelos potenciais eleitores.
Embora já exista há muito mais tempo nos Estados Unidos e na Europa, essa característica da política institucional (a ação do voto motivado pela prática científica do “marketing” político) só tomou corpo no Brasil nas últimas décadas. Poderemos citar aqui o episódio que ficou caracterizado como o “almoço do Pato de Pequim” , que foi o início da arrancada do então Governador de Alagoas, Collor de Mello, para a conquista da Presidência da República. Fato que ficou conhecido como um marco de introdução dessa forma, totalmente racional, de fazer política. Prática que mudou substancialmente as características dos atores políticos e os próprios resultados eleitorais.
O professor Alberto Carlos Almeida, autor do festejado livro “A Cabeça do Eleitor-Estratégia de Campanha, Pesquisa e Vitória Eleitoral” , conhecedor de pesquisa eleitoral, é um desses especialistas a que me referi anteriormente.
Ele defende que, na atualidade, a cabeça do eleitor funciona de maneira lógica, em parâmetros que podem ser conhecidos, e que o segredo de um candidato chegar a resultados positivos nas eleições está em desvendar esta lógica. Para ele, por exemplo, a cabeça do brasileiro e da maioria da população do país, em um momento eleitoral, trabalha com medidores de decisão que devem ser analisados à luz da conjuntura em que se dá essa eleição. Referindo-se a esse momento e à diferença de pensamento desse mesmo eleitor, ele compreenderá a lógica que leva a essa decisão e que se materializa no candidato escolhido.
” A cabeça do eleitor é bem diferente. Não é sobre o que o eleitor pensa, mas sim qual a lógica dentro de sua cabeça que orienta uma decisão específica: A escolha de seu candidato na hora de votar.” (in “A cabeça do eleitor”, Alberto, Carlos de Almeida).
Em última instância, o que nos quer dizer o pesquisador é que por trás da aparente desordem da vontade do eleitor existe um padrão, e esse padrão pode ser definido por especialistas, desnudando-se assim a tendência do voto naquela eleição. Seria uma espécie de fotografia específica para aquele momento em que foi tirada.
Desta forma, enxergando a realidade com os olhos dos outros, como em um espelho invertido (na maioria das vezes através da televisão ou de outras mídias), acentuam, então, uma postura contemplativa, abdicando da vida-vivida.
Como esse estado de contemplação é, em última instância, o contrário da vida, que exige a intervenção constante, forma-se um homem, um ser social alienado, na verdadeira acepção da palavra. Um ser que detesta a política e seus atores, delegando a ação do poder para os políticos profissionais, que, julga ele, estão mais capacitados para exercer o papel de interventor na administração pública.
Interessante notarmos que, na esteira de tal fenômeno, em que surgem esses especialistas (que se aprofundam e dominam o entendimento da lógica eleitoral), acentua-se também a situação de total dependência dos atores políticos a esses profissionais. Na atualidade, torna-se praticamente impossível a eleição, principalmente para os cargos majoritários, se não houver o concurso de marqueteiros, blogueiros, estatísticos, cabos eleitorais, administradores, etc.
Temos, portanto, que encarar uma eleição como um episódio totalmente desvinculado da realidade, onde o ato do voto do eleitor se dá num espaço de ação puramente emocional, motivado por um processo inteiramente racional pre determinado. Todos os atos políticos são estudados meticulosamente antes de serem vistos pelos potenciais eleitores.
Embora já exista há muito mais tempo nos Estados Unidos e na Europa, essa característica da política institucional (a ação do voto motivado pela prática científica do “marketing” político) só tomou corpo no Brasil nas últimas décadas. Poderemos citar aqui o episódio que ficou caracterizado como o “almoço do Pato de Pequim” , que foi o início da arrancada do então Governador de Alagoas, Collor de Mello, para a conquista da Presidência da República. Fato que ficou conhecido como um marco de introdução dessa forma, totalmente racional, de fazer política. Prática que mudou substancialmente as características dos atores políticos e os próprios resultados eleitorais.
O professor Alberto Carlos Almeida, autor do festejado livro “A Cabeça do Eleitor-Estratégia de Campanha, Pesquisa e Vitória Eleitoral” , conhecedor de pesquisa eleitoral, é um desses especialistas a que me referi anteriormente.
Ele defende que, na atualidade, a cabeça do eleitor funciona de maneira lógica, em parâmetros que podem ser conhecidos, e que o segredo de um candidato chegar a resultados positivos nas eleições está em desvendar esta lógica. Para ele, por exemplo, a cabeça do brasileiro e da maioria da população do país, em um momento eleitoral, trabalha com medidores de decisão que devem ser analisados à luz da conjuntura em que se dá essa eleição. Referindo-se a esse momento e à diferença de pensamento desse mesmo eleitor, ele compreenderá a lógica que leva a essa decisão e que se materializa no candidato escolhido.
” A cabeça do eleitor é bem diferente. Não é sobre o que o eleitor pensa, mas sim qual a lógica dentro de sua cabeça que orienta uma decisão específica: A escolha de seu candidato na hora de votar.” (in “A cabeça do eleitor”, Alberto, Carlos de Almeida).
Em última instância, o que nos quer dizer o pesquisador é que por trás da aparente desordem da vontade do eleitor existe um padrão, e esse padrão pode ser definido por especialistas, desnudando-se assim a tendência do voto naquela eleição. Seria uma espécie de fotografia específica para aquele momento em que foi tirada.






