
Diante de tanta violência contra as mulheres, essa ascensão, escalada de violência contra mulheres e sucessão de feminicídios, agressões deliberadas descabidas, desproporcionais – se é que podemos chamar qualquer agressão de proporcional -, não posso me calar e ficar de canetas cruzadas diante de um assunto tão grave, tão retrógado, e ao mesmo tempo, tão atual.
Os números são absolutamente alarmantes nos últimos dias, talvez proporcionais a omissão da sociedade com o vetusto pensamento que “em briga de casal não se mete a colher”. Tivemos pequenos avanços que se mostram insuficientes e ineficazes. Não adianta criar leis que são para justificar o enxugamento de gelo sem uma conscientização em todas as esferas da sociedade civil.
Não é mais possível normalizar que na vizinhança o ’marido’ grite com sua companheira, que os roxos constantes, pelo corpo, são batidas em quinas e escorregões rotineiros, sucessivos e fruto ‘de uns óculos já sem efeito’ ou da ‘labirintite que ‘ataca’ constantemente’. Este ataque tem nome e sobrenome e mora sob o mesmo teto da vítima, que um dia poderá se tornar fatal.
A figura masculina se achar ‘dona’ de sua companheira, como um senhor escravagista que faz de sua parceira uma cativa de seus desejos, de seus caprichos e de seus ‘ideais’, que não a deixa sonhar, presságios talvez. Já foi tempo que os coronéis ‘Jesuínos’ ‘usavam’ suas esposas, em relacionamentos possessivos, abusivos e com contexto sexualizado. Isso ficou na trama de Gabriela, escrita por Jorge Amado no contexto de um Brasil do século passado. Já faz 100 anos.
Aquele que se relaciona crendo estar no século passado com ideais de submissão ou talvez, até quem sabe, na Idade da Pedra agindo pré-historicamente pensando que pode arrastar uma mulher pelos cabelos ou usar sua borduna quando ela não lhe é mais ‘útil’.
Precisamos de mais engajamento do poder público, precisamos de mais atenção das autoridades constituídas, para essa epidemia, essa covardia, essa falta de humanidade, esse desamor que graça atualmente.
Homem que é homem, no sentido absolutamente mais amplo da palavra, cuida, ama de verdade, tem apreço pela vida de sua companheira, não vê nela uma escravizada, mas sim, acima de tudo, uma amiga incrível, capaz de estender a mão e o ombro amigo nas horas mais complexas, seguindo lado a lado sempre. Homem que ama não agride, não mata. Ninguém é propriedade de ninguém.
Sigamos as frasezinhas mágicas, aquelas que nossas mães, mulheres incríveis que nos geraram, deram à luz, nos ensinaram repetidas vezes, para que não as esquecêssemos de jeito algum: “Não é não!”, “Seu corpo (das mulheres), suas regras”, “Quem ama não mata!”, “Respeito é bom e elas gostam”, “Respeito acima de tudo”. Lembremos também do verso poetizado dito pelo compositor: “Em mulher não se encosta nem uma rosa em flor!”.
São expressões mágicas como estas que farão uma vida ter valor, ter felicidade e, principalmente, ter mais amor por favor.
Façamos como o poetiza Gil: “…Como Deus, mudemos o curso da história, por causa da mulher”.
Respeita as minas! Nunca provoque quem jamais foge à luta.
*Se estiver sendo agredida não se cale, procure a Delegacia da Mulher mais próxima ou ligue 190. Denuncie. Esta atitude pode salvar sua vida.























