
Pelé morreu recentemente e foi homenageado no Brasil e no mundo todo, ainda hoje é. E é homenageado tanto no âmbito do esporte quando por sua importância histórica que levou o nome do Brasil para além das linhas sinuosas da geografia nacional. Pelé foi grande.
Todos sabem que Pelé interrompeu guerras e, quando entrava em campo mundo afora, levava alegria até aos povos mais sofridos.
Pelé não era santo, mas era o gênio da bola, não apenas pela produtividade em campo como pela beleza estética de suas jogadas. O nosso Rei da bola virou sinônimo de algo perfeito. Ser Pelé em alguma atividade sempre foi sinônimo de alguém que faz aquilo muito bem, beirando a perfeição.
“Consegui salvar o paciente numa cirurgia dificílima. Me senti o Pelé.”
Ser Pelé passou a significar alguém que realiza sua atividade muito acima da média.
Apesar de parar de jogar aos 30 anos, Pelé fez quase 1300 gols em jogos oficiais, diferente de alguns por aí que pararam quase aos 40 e tiveram de computar gols marcados naquela pelada entre solteiros e casados para poder dizer que fizeram mil gols. Mesmo assim tem apenas mais um ou dois. Meu respeito a eles, mas, dentro de campo, Pelé sempre foi o cara.
Houve um jogo, certa feita, – acho engraçado e antigo como Pelé esse termo certa feita – então: houve um jogo certa feita em que o juiz expulsou o Pelé, e poderia até ter razão porque Pelé não era santo nem em campo e nem fora dele, mas sabe o que aconteceu? A torcida chiou tanto que o juiz foi obrigado a chamar o Rei de volta e depois, ele próprio, o juiz, acabou sendo expulso.
Tive a sorte de ver o Pelé jogando no Pacaembu, com o mesmo Vasco e seu goleiro Andrada que, no jogo anterior entre os dois, tinha levado o milésimo gol que, aliás, o Andrada quase pegou.
Tive até o autógrafo do Pelé numa carteirinha da escola que não me perdoo por ter perdido.
É difícil explicar aos mais jovens quem foi o Rei Pelé porque ser Edson Arantes do Nascimento ultrapassa ser craque, ultrapassa sutilmente a compreensão.
Curiosamente, o próprio Rei falava do Pelé na terceira pessoa e fazia questão de separar o Edson do Pelé.
Enfim: hoje, exatamente hoje, Pelé virou verbete do Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa.
– Pelé – Aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado a nada ou a ninguém, assim como Pelé®.
Como diria aquele personagem do José Wilker numa novela de que não me lembro: É justo, muito justo, justíssimo!