
Maria Eduarda Marques, Juliana Cunha e Ruth Levy
A Casa Museu Eva Klabin inaugurou neste sábado, 6. a exposição “Lasar Segall: Olhares para o feminino” e apresenta retratos de diferentes mulheres que aparecem em obras do período em que o artista passou a residir no Brasil. Idealizada pela a Casa Museu Eva Klabin, cuja coleção de arte é considerada um dos mais importantes acervos do país, a mostra busca uma devolução poética: olhar para Segall pelo acervo de uma mulher.
“Há muitas maneiras de olhar para a obra de um artista. Para essa exposição, escolhi aquela mais íntima: veio de dentro de casa, da parentela, movida pelos amores e pelos afetos. Voltei-me para a Casa Museu Eva Klabin, pensei a
colecionadora que fundou o espaço e seu vínculo familiar e artístico com Segall. Ao partir do acervo de uma mulher, decidi observar como o artista lidou com o feminino. Através da sutileza e da intimidade, pude me aproximar da obra de Lasar Segall, figura gigante, fundamental para a arte moderna brasileira. O processo desmonta o artista enquanto aparição mística, e traz o humano, suas relações, seus conhecidos, sua história. Tudo através da imagem”, afirma Juliana Cunha, curadora da exposição que fica ambientada até dia 09 de julho na Instituição cultural da Lagoa, com entrada franca.
A exposição é dividida em três módulos, Família, Mulheres do Cotidiano e Lucy Citti Ferreira.
A exposição nasce no módulo “Família”. Entre as três obras desse grupo, encontra-se o único trabalho que antecede o eixo temporal da mostra – um retrato de Eva Klabin. Feito a partir de uma fotografia, marca o encontro do artista com a colecionadora que idealizou o museu sede da exposição. As outras duas obras, “Maternidade” e “Mãe e filhos”, trazem seu núcleo familiar mais próximo: a esposa, Jenny Klabin, acompanhada dos filhos. A relação materna foi profundamente explorada pelo artista desde a juventude, e reaparece na exposição em quadros e na escultura “Maternidade”.
O segundo módulo, chamado “Mulheres do cotidiano”, traz figuras femininas das camadas mais
populares. A obra “Mãe negra entre casas” evoca novamente a maternidade, agora vivida por uma mulher da periferia. Nesse nicho, encontramos também “Retrato feminino”, obra em que o artista se dedica ao rosto de uma mulher negra, e “Favela I”, onde a moradia popular aparece povoada, mas conta com a presença simbólica de uma mulher no centro da imagem. Ainda nesse grupo, a obra “Casal do mangue” reflete à realidade da prostituição desenvolvida no mangue carioca.
O terceiro módulo, chamado “Lucy Citti Ferreira”, traz três obras em que Segall trabalha o retrato de sua aprendiz e modelo. Lucy é tema de diversas pinturas do artista, encantado com a sua delicadeza. A exposição traz também “Duas amigas”, a escultura que perpassa toda a exposição. Pelos olhares do artista, as mulheres aparecem enquanto parceiras, unidas em um mesmo bloco. A escultura evoca a cumplicidade feminina e revela a forma potente das mulheres que compartilham ideias (cabeças) e vivências (corpos). O exercício de imaginação e troca sobre o mundo interior se dá em uma escultura de traços simplificados. A união das duas amigas da peça, que se tornam uma só, se replica na exposição.
Confira como foi a abertura neste sábado, 6, nas fotos de Marco Rodrigues.
Serviço:
12 obras (óleo, escultura e desenho e um documentário)
Av. Epitácio Pessoa, 2480 | Lagoa | RJ | (21) 3202-8550
Curadoria: Juliana Cunha
Abertura: sábado, 06 de maio, de 14h às 18h
Exposição: de 06 de maio a 09 de julho de 2023
Quarta a domingo: 14h às 18h, última entrada às 17:30h
Segunda e terça: fechado
Livre e gratuito.
Retirada do ingresso direto da bilheteria do museu