
Vanda Klabin, Fábio Miguez, Lurdinha e Claudio Piquet
Foi inaugurada na noite desta quinta-feira, 23, na Nara Roesler Rio de Janeiro, a mostra “Construtor de memória”, individual de Fábio Miguez que reúne mais de 30 pinturas realizadas ao longo de 2023, e que representam novos desdobramentos da sua série “Atalhos”.
Para esta exposição na Nara Roesler no Rio de Janeiro, Fábio Miguez constrói uma memória afetiva de sua trajetória, tendo como ponto de partida uma viagem que fez com amigos à Itália, no início dos anos 1980, quando decidiu abandonar a faculdade de arquitetura para se dedicar à pintura.
“Estávamos no trem, numa parada em Pádua, e alguém disse: ‘Minha mãe falou que aqui tem uma capela do Giotto!’, e a gente BUM!, desceu do trem e foi lá ver a capela de Scrovegni. E foi tão fascinante, tão acachapante, que saímos da capela e começamos a pautar a viagem só olhando esses caras”.“Este contato com o universo pré-renascentista foi fundador, embora estivesse muito distante do trabalho que fiz nos anos 1980 e 1990”, diz Fábio. “Agora estou reconstruindo meu caminho a partir deste começo, fazendo um inventário do que amo”.
Artista que confessa pensar em pintura 24 horas por dia, Fábio não pretendeu copiar os grandes mestres como Giotto (1267-1377), Simone Martini (1284-1344), Fra Angélico (1395-1455) ou Piero della Francesca (1415-1492), mas sim fazer “comentários”, ao decompor as paisagens externas ou internas, retirando vários elementos, como figuras humanas ou objetos, e deixando os arquitetônicos. “É como se fosse frames, recortes, uma edição do trabalho deles. O próprio formato diminuto aumenta ainda mais a distância dos afrescos originais, e deixa clara a intenção”, observa.
Fotos Cristina Granato