
Daniel-Debortoli
Intencionando desvincular os estigmas que circundam o vírus HIV desde a sua descoberta, o multiartista Zéza escreveu “A Casa de Hugo Ivo”, montagem teatral inédita que chega ao palco do Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro a partir de 11 de julho, às 19h. O texto encontrou ressonância dentre os colegas da Multifoco Cia de Teatro que, dirigidos por Ricardo Rocha, já desejavam seguir discutindo o assunto, inicialmente apresentado na peça “O Cavaleiro Amarelo” (2019), onde Zéza também atuava. Sendo uma montagem na qual se destaca o atravessamento de diversas linguagens cênicas que mesclam acrobacia circense, teatro e dança, a linguagem de LIBRAS também entrará em cena comunicando a história aos espectadores surdos de forma inclusiva e espontânea. Das 28 apresentações, oito terão tradução simultânea de LIBRAS e duas terão audiodescrição ao vivo. Com incentivo da Prefeitura do Rio de Janeiro e focada em receber um público de jovens e estudantes, a montagem realiza apresentações gratuitas e vespertinas e, em paralelo, cumpre uma temporada noturna e independente, para alcançar o grande público, ambas no CCBB RJ. Hugo Ivo recebe todes para a festa em sua casa e promete diversão sem limites. Mas o que parecia um acordo com consentimento se revela invasivo e tóxico. A festa que nunca acaba
chega à beira do colapso e é preciso parar. Será necessário encontrar novas formas de habitar e conviver, novos horizontes serão abertos. Um pacto para a construção de novas pontes contra a desinformação, contra os estigmas e o preconceito, em favor do respeito, da diversidade e da saúde.
“‘A casa de Hugo Ivo’ é minha saída oficial desse segundo armário, chamado HIV. Qualquer pessoa tem o direito assegurado por lei de manter a sua sorologia em sigilo, mas há anos eu falo sobre ser uma pessoa vivendo com HIV. Só que é difícil falar abertamente sobre esse tema ainda tão estigmatizado e silenciado pelo preconceito. As pessoas têm dificuldade de falar de HIV porque toca em dois temas tidos como polêmicos: o sexo e a morte”, pondera Zéza, artista que teve uma inspiração inicial pro trabalho ao se deparar com “Uma Visita Inoportuna”, do dramaturgo argentino Copi.
Ao contrário da obra inspiracional, escrita num tempo em que viver com HIV era sinônimo de uma sentença de fim, na contemporaneidade o cenário é bem outro. “A vontade da Multifoco querer falar deste tema é muito cara pra mim, uma pessoa LGBTQIAPN+. Nossa comunidade sempre foi o principal alvo de todos os preconceitos ligados ao vírus e, talvez por isso mesmo, seja a grande responsável pelos avanços que conseguimos em relação a esta epidemia. Esta história se compromete a afirmar que o vírus pode acometer qualquer pessoa, independente da raça, gênero ou orientação sexual”, pondera Zéza.
Serviço:
Teatro III
Temporada: 11 de julho a 11 de agosto de 2024
Quinta a sábado às 19h | Domingo às 18h
Inteira: R$ 30 | Meia: R$ 15, disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB
(bb.com.br/cultura)
Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada
Apresentações gratuitas: 17, 19, 24, 26 e 31/07, 01, 07 e 08/08 – todas às 14h
Classificação indicativa: 16 Anos
Duração: 90 min
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ