
A Marvel tem lutado um pouco mais para entusiasmar seus fãs novamente. Inúmeras produções cinematográficas seguem atingindo a massa que se acostumou a acompanhar sagas construídas ao longo de anos. Desde o lançamento do Disney Plus, em 2019, séries passaram a agregar capítulos em eventos que acumulam números impressionantes e continuam estabelecendo recordes, numa indústria cada vez mais dedicada a esses resultados, a qualquer custo. A aquisição da Fox pelo estúdio trouxe para o já recheado portfólio deste selo, a oportunidade de trabalhar personagens que só eram vistos juntos, nos quadrinhos. Mas todo mundo junto na mesma tela agora, não garante tanto sucesso assim. É preciso se permitir flertar fora da zona de conforto e reinventar modelos próprios ao contar uma história de super-heróis. Em meio a tantos personagens que os fãs anseiam ver na tela grande, Deadpool chega confortável ao multiverso compartilhado e com uma excelente reputação nas bilheterias.
Com dois filmes de muito sucesso na bagagem, seria impossível alocar o mercenário canadense em outros arcos sem considerar sua essência muito bem trabalhada até aqui no cinema. A constante quebra da quarta parede e sua habilidade indestrutível de fazer sátiras de absolutamente tudo, fazem do espadachim vermelho, especificamente neste longa, um ponto de revisão e autocrítica do que a Marvel fez até aqui. O bom e velho Deadpool está de casa nova e chega muito bem acompanhado.
No rastro do resultado de suas ações ao fim de seu último filme, Wade Wilson (Ryan Reynolds), vulgo Deadpool, é subitamente recrutado para uma missão inédita e de proporções épicas. Provocado a pensar em algo além de si mesmo, Wilson se agarra a tarefa de salvar o seu universo e as vidas das nove pessoas mais importantes que o habitam. Essa empreitada o coloca no caminho de seu indestrutível conterrâneo Logan (Hugh Jackman), vulgo Wolverine. Juntos, os dois pisam no terreno de outros personagens e bagunçam mundos além dos seus com balas, lâminas e garras.
Mais do que introduzir o fanfarrão vermelho e apresentar uma versão visual tão aguardada do mais famoso dos X-Men, Deadpool & Wolverine presta tributo a tudo o que a Marvel fez nos cinemas até então. Especialmente, o que a Fox lançou por mais de vinte décadas. O que o lendário estúdio adquirido pela Disney há 5 anos realizou e considerou fazer, é homenageado com muito bom humor e emoção, atingindo gerações que foram apresentadas há personagens icônicos dos quadrinhos através das grandes telas. Essa primeira aventura de Deadpool nesse universo compartilhado mais do que introduz os mutantes ao ambiente dos Avengers e de tantos personagens já trabalhados, até aqui. É uma oficialização da chegada de tantos outros títulos de sucesso lidos em conjunto e que, agora, estarão unidos nas séries e longas do estúdio.
Kevin Feige, o todo poderoso chefe do universo cinematográfico da Marvel, admitiu recentemente, que tentou convencer Hugh Jackman a não retornar ao papel. Para Feige, o desfecho de Logan (2017) concluiu de forma brilhante o trabalho do ator australiano encarnando o mutante mais popular dos X-Men. Oito filmes depois o já consagrado Wolverine das telas retorna apresentando uma faceta mais próxima de versões flagradas antes nos quadrinhos e no icônico desenho animado dos anos 90. O uniforme amarelo finalmente chega ao live action revelando um visual moderno e ao mesmo tempo bastante familiar aos fãs. Mais do que tentando se renovar, a Marvel segue se esforçando para colocar em prática novas formas de introduzir personagens e dar continuidade a tramas em andamento, diminuindo o número de lançamentos anuais. Deadpool & Wolverine é o único longa do estúdio para 2024, nos cinemas.