
Começamos o ano falando de Artes. Conversei com a artista plástica e escritora Bea Machado, que acaba de lançar um livro em comemoração as 40 anos de carreira. Confira!
JP – Olá Bea! Para comemorar os quarenta anos como artista plástica você acaba de lançar um livro. Você poderia comentar sobre o processo de criação da obra e sua estrutura?
Após a morte de meu marido, como uma forma de preencher o vazio, resolvi me dedicar de maneira mais completa à produção artística e entendi que este processo incluía a revisão do que já havia feito. O grupo encarregado da criação do livro decidiu, então, dividir a obra em atos – consideraram a produção artística uma entrega, como a do ator que cria para o espectador, e dividiram o livro em atos, cada um dedicado a uma forma de meu fazer artístico, o ato de um grande trabalho que é Bea Machado Arts.
JP – Você é química. Como você associa a sua formação com as artes plásticas?
Tenho, tal qual muitos químicos, grande paixão pela cor e suas possibilidades.
JP – Onde se deu a sua formação básica e média, e como as aulas de artes plásticas ajudaram a despertar o seu interesse para o campo artístico?
Estudei no Rio e Resende. No Rio tive uma professora que me introduziu no universo da aquarela e, consequentemente, despertou minha paixão pela artes.
JP – Como se deu a sua formação no campo das artes plásticas?
Estudei com vários artistas, como a ceramista argentina Maria Pia. Frequentei o Parque Lage nos anos 80, anos de ebulição da Geração 80, frequentei museus. A tudo isso acrescento uma compulsão para a Arte, deixar a tinta escorrer, traçar seu caminho sobre a tela é minha paixão.
JP – Quais são as suas referências (teóricas e práticas) no campo das artes plásticas?
Tenho uma certa ligação com os Fauves, como Matisse, a informalidade e o uso das cores da Pop. Me identifico, também, com Basquiat, inclusive gostaria de ter feito algumas de suas obras.
JP – Quais são as características do seu “fazer artístico”?
Não sei. Eu pinto. Na década de 1930 perguntaram ao Marcel Duchamp o que ele estava fazendo e ele afirmou: ”respirando”. Meu fazer artístico é tão natural como a respiração.
JP – Como você define arte?
Reafirmando o que disse acima, me coloco diante da tela e pinto. Arte para mim é algo natural que sai de mim como a respiração. Ela completa minha vida porque, como diz Ferreira Gullart, “a vida não basta”.
JP – Qual é a função que o artista deve cumprir na sociedade?
Disseminar a beleza.
JP – Quais são os seus planos futuros? Novas exposições?
Pintar, pintar… Novas exposições são consequências do meu trabalho.
Foto Marco Rodrigues