
Por muito tempo, q saúde mental foi associada a um quadro clínico ou a um problema a ser resolvido. Mas será que essa visão limitada nos impede de entender o que realmente está em jogo? Segundo Noélli Santiágo, especialista em sustentabilidade emocional indutiva e terapeuta focada na cocriação consciente, é preciso desmistificar a saúde mental como algo distante ou exclusivamente ligado à doença.
“Saúde mental é, antes de tudo, um hábito que precisa ser construído diariamente. Não é algo que você conquista de uma vez por todas. É sobre aprender a conversar, sentir, questionar e, principalmente, se permitir viver de forma mais íntegra e consciente”, explica Noélli, que dedica sua vida a ajudar pessoas a reconectarem mente, corpo e espírito.
Noélli defende que a saúde mental precisa ser tratada com naturalidade, como uma prática cotidiana, tanto quanto a alimentação ou a atividade física. “Conversar sobre emoções, entender o que sentimos, identificar o que nos motiva ou paralisa, isso deveria ser parte da nossa rotina. Mas, infelizmente, vivemos em uma sociedade que nos educa para esconder, minimizar ou rotular o que sentimos. Esse é o maior obstáculo”.
Ela também reforça que a saúde mental emocional não é um luxo ou algo reservado para momentos de crise. É uma construção que transforma vidas. “Não precisamos esperar o caos para começar a olhar para dentro. Criar espaços para se ouvir e se questionar, estabelecer limites e priorizar o que nutre a alma, isso é saúde mental em ação”.
Uma questão frequentemente ignorada é como a saúde mental pode ser um catalisador de mudança coletiva. Quando cada indivíduo assume a responsabilidade de se cuidar emocionalmente, cria-se um efeito em cadeia. “Cuidar da mente não é um ato egoísta. É um ato de serviço ao mundo. Quando você está bem consigo mesmo, consegue impactar positivamente quem está à sua volta”, pontua.
Para Noélli, a transformação começa com perguntas simples: “O que estou sentindo hoje? Por que estou reagindo assim? O que posso fazer para me acolher nesse momento?”. Segundo ela, esses pequenos movimentos diários criam a base de uma saúde emocional mais sólida e alinhada com quem somos de verdade.
“A saúde mental não precisa ser pesada ou inacessível. Ela é prática, ela é cotidiana. É o sorriso que você dá a si mesmo ao escolher o que te faz bem. É a pausa no meio do caos para respirar. É a coragem de dizer ‘não’ quando algo não ressoa com você. É a liberdade de ser humano, de sentir, de se transformar”, finaliza.
A visão de Noélli Santiágo nos lembra que saúde mental não é sobre consertar o que está errado, mas sobre nutrir o que há de mais verdadeiro em nós. É um convite para enxergar a vida de forma mais plena, celebrando o ordinário e transformando pequenos gestos em grandes passos para o bem-estar coletivo.
Foto Wallace Ximenes